Uma empresa de Braga está a desenvolver um equipamento que recorre a microfluidos para detetar e isolar células cancerígenas nas amostras de sangue dos pacientes oncológicos, permitindo uma avaliação mais rápida e precisa por parte dos médicos, aumentando a eficácia em cerca de 70% comparativamente aos métodos utilizados atualmente. A sua comercialização no mercado do diagnóstico ‘in vitro’ deve começar já em 2023, mas 2025 é a meta para começar a ser utilizado por hospitais e unidades de saúde em toda Europa.
Sediada no edifício do gnration, em Braga, com apoio do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnoloiga (INL), a RUBYnanomed é uma das principais apostas ‘deep tech’ do Conselho Europeu para a Inovação, entidade que desde que foi criada há dois anos financiou sete milhões de euros para a comercialização deste projeto na Europa, onde deverá chegar a 700.000 pacientes com cancro.
A empresa bracarense foi fundada por três mulheres “jovens e entusiastas” da ciência e da tecnologia, com vontade de transferir os seus conhecimentos em inovação para o uso clínico em benefício da sociedade. O objetivo é “tornar essa tecnologia disponível a todos os pacientes de cancro da forma mais breve possível”, com recurso à microengenharia e à nanotecnologia.
Para isso, criaram o dispositivo descartável que permite detetar precocemente as metástases que se isolam do tumor e alastram a outros locais, ação que ainda é realizada com recurso a imagiologia e a técnicas que, explica o INL, têm sensibilidade limitada e não fornecem uma informação molecular em tempo real que possa guiar oncologistas em direção a possíveis novos tumores.
Simplificado como sendo uma biópsia líquida não invasiva, é aplicada numa amostra de sangue retirada do paciente e permite a personalização e acompanhamento do cancro com uma melhoria de 70% nos resultados obtidos pelos oncologistas e exames concluídos em menos de três horas.
Lorena Diéguez, CEO da RUBYnanomed e investigadora no INL, referiu que o investimento do Conselho Europeu para a Inovação permite poupar 24 bilhões de euros “desperdiçados em tratamentos pouco eficientes que pode melhorar a vida de 700.000 pessoas por toda a Europa”.
A cientista explicou que o equipamento encontra-se disponível em versão teste em alguns hospitais europeus, onde tem sido utilizado para diferentes tipos de cancro, e “os resultados mostram que é capaz de detetar a progressão das metástases até um ano comparado com os equipamentos atuais”.