Dirigente do Chega de Viana bate a porta com acusações de “compadrio” e “luta pelo poder pessoal”

Natividade Barbosa não gostou de ter sido ‘ultrapassada’ na lista de candidatos por ex-vereadora de Ponte de Lima
Foto: DR

Natividade Barbosa, vice-presidente da Comissão Política Distrital do Chega de Viana do Castelo, que esteve em funções até ao passado dia 02 de abril, anunciou a “decisão” de “desvincular da estrutura do partido”. Número dois na lista de candidatos a deputado em 2024, a dirigente não gostou de ser ‘ultrapassada’ por Mecia Martins, ex-CDS, de Ponte de Lima e bateu a porta com estrondo denunciado “o compadrio e a crescente luta pelo poder pessoal” no partido.

No comunicado enviado às redações, a ex-vice-presidente da Distrital do Alto Minho diz que “durante cinco anos” lutou “incansavelmente pela implantação e afirmação do partido Chega no distrito”.

“Enfrentei agressões físicas, difamações, ataques internos e externos – provenientes de pessoas mal-intencionadas, contrárias ao partido e até de elementos internos que, infelizmente, colocaram os seus interesses pessoais acima dos princípios que diziam defender. Mesmo assim, mantive-me firme, porque acreditava sinceramente que o partido Chega representava a única e verdadeira oportunidade para combater o sistema de corrupção instalado há mais de 50 anos em Portugal”, aponta.

Nas legislativas de 2024, diz ter aceitado integrar a lista de candidatos à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, como número dois, atrás de Eduardo Teixeira, “ex-militante do PSD e figura conhecida do distrito, por bons mas também por maus motivos, que se apresentou como independente na lista do Chega”.

“Segundo palavras proferidas por Diogo Pacheco de Amorim no jantar de encerramento de campanha em Valença, esta nomeação foi resultado de um ‘pagamento de favores’ a André Ventura, desde os tempos em que este era deputado único na Assembleia. Importa referir que Eduardo Teixeira não se filiou no Partido Chega por receio de represálias do PSD, facto que revela, desde logo, uma dualidade de critérios”, acrescenta.

Assim, Natividade Barbosa diz ter aceitado “essa decisão com espírito de missão, consciente da necessidade de dar força ao projeto, mas convicta de que o [seu] trabalho, qualificações e dedicação seriam respeitados”.

“Infelizmente, não foi isso que aconteceu”, garante.

No passado dia 04 de abril, foi “informada pelo próprio Eduardo Teixeira de que seria novamente convidada, mas desta vez para o terceiro lugar da lista, justificando que teria lugar garantido na estrutura nacional do partido, em Lisboa”.

“Recusei de imediato, pois felizmente não preciso de migalhas e nem de mendigar, vivo bem com o meu trabalho, felizmente. Depois de tudo o que entreguei ao partido – da construção da base local até à presença nas ruas quando ninguém queria dar a cara – não aceitaria ser colocada atrás de quem nunca lutou nem construiu o que quer que fosse pelo Chega no Distrito de Viana do Castelo” declara.

E acrescenta: “Apresentei toda a documentação exigida pela Direção Nacional – situação regularizada perante a Segurança Social, Finanças e sem quaisquer processos ativos em tribunal. No entanto, esta exigência, alegadamente intransigente, é pura fachada: o Chega continua a apresentar como cabeças de lista pessoas com dívidas avultadas e processos judiciais, como é o caso de Braga e Castelo Branco, o que considero vergonhoso e uma afronta aos princípios que o partido Chega diz defender”.

No entanto, diz, “a surpresa maior” foi a anúncio de Mecia Martins, ex-vereadora do CDS na Câmara de Ponte de Lima.

A ex-dirigente do Chega diz que Mecia Martins é “amplamente conhecida pela população local de Ponte de Lima – não pelas melhores razões”.

“Recorde-se que a sua atuação enquanto vice-presidente da Câmara de Ponte de Lima quase comprometeu a continuidade das Feiras Novas, evento de profundo valor cultural para os limianos. Tal decisão apenas demonstra o que venho denunciando: a falta de coerência, o compadrio e a crescente luta pelo poder pessoal, em detrimento de quem verdadeiramente acredita no projeto Chega e na regeneração do sistema político português”, acusa.

E vai mais longe: “O partido Chega que se diz contra a corrupção e o compadrio, adota exatamente as mesmas práticas que diz combater. Ignora quem lutou desde o início, quem esteve presente nas ruas, nas lutas e nos momentos difíceis, para promover pessoas com currículo político duvidoso ou que veem na política apenas uma plataforma para os seus objetivos pessoais”.

“O povo reconhece quem tem princípios, quem lutou com verdade, quem não teve medo de dar a cara e expor-se quando ninguém mais o fazia. E é por respeito a esse povo que aqui coloco um ponto final na minha participação ativa nesta estrutura do partido Chega”, explica Natividade Barbosa.

A ex-dirigente diz que não compactuar “com sede de poder, com traições nem com jogos de bastidores”.

“A política, infelizmente, ensina que não há amigos – há interesses. Mas saio de cabeça erguida, com a consciência tranquila, com amizades sinceras conquistadas ao longo deste caminho e com a certeza de que jamais me verguei a quem me tentou calar. A quem tentou difamar-me e insinuar mentiras sobre a minha idoneidade, informo: não tenho dívidas, os processos que tive foram cíveis e resolvidos, como qualquer cidadão pode ter com uma operadora de telecomunicações ou até com qualquer outra coisa banal. Lamento o nível rasteiro e ignóbil a que chegaram certas pessoas”, conclui, deixando um pedido “aos cidadãos” que, no dia 18 de maio, “votem em pessoas qualificadas, sérias, com provas dadas, e não em quem vê o parlamento como um trampolim pessoal”.

Lista do Chega por Viana do Castelo

Eduardo Teixeira (Viana do Castelo), economista, atual deputado na Asembleia da Republica;

Mecia Martins, Ponte de Lima. Engenheira civil na IP e ex-vice presidente da Câmara de Ponte de Lima;

Germano Miranda, ex-combatente do Ultramar e e funcionário aposentado dos CTT;

Miguel Malheiro Reymão, Valença do Minho. Engenheiro e ex-gestor bancário internacional;

Sofia Cunha, Ponte de Lima. Mediadora imobiliária e empresária;

Luís Rocha, Arcos de Valdevez. Arquiteto e ex-presidente de Assembleia de Freguesia em Arcos de Valdevez;

Mónica Durão, Monção. Técnica auxiliar direta em instituição social;

André Fernandes, Ponte da Barca. Eletricista e empresário;

Andreia Fonte, Caminha. Tripulante de ambulância médica;

Edmundo Gomes, Paredes de Coura. Funcionário público aposentado.

 
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