Direita pede dissolução do parlamento, comunistas “querem que o país chegue ao fim do mês”

Foto: Lusa

Foram várias as reações dos partidos políticos ao anúncio da demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba, que António Costa não aceitou, com Iniciativa Liberal e Chega a pedirem a dissolução do parlamento, enquanto BE diz estar “preparado para qualquer cenário”. PCP considera que o país tem outros assuntos mais importantes onde focar e que nem se sabe se chega ao fim deste mês.

Luís Montenegro, do PSD, reagiu no imediato ao pedido de demissão e considerou que com João Galamba a sair “pelo próprio pé” diz muito sobre “a liderança ou falta dela do primeiro-ministro”, isto antes de saber que António Cota não tinha aceitado o pedido.

Numa publicação na rede social Twitter, Montenegro reagiu, poucos minutos depois, ao pedido de demissão de João Galamba, que o ministro justificou “em prol da necessária tranquilidade institucional”.

“A saída do ministro das Infraestruturas pelo próprio pé, depois das reuniões da manhã e da tarde não terem produzido esse resultado, diz muito sobre a liderança – ou a falta dela – do primeiro-ministro”, escreveu, apenas, o presidente do PSD. 

Ao final da tarde, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, anunciou que apresentou hoje a demissão ao primeiro-ministro, António Costa.

“Comunico que apresentei, agora mesmo, o meu pedido de demissão ao senhor primeiro-ministro. No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do Governo”, lê-se no comunicado enviado pelo Ministério. 

No entanto, António Costa não aceitou o pedido, o que levou a uma série de reações por parte dos restantes partidos da Assembleia da República, com alguns a pedirem a dissolução do Governo.

Ventura alerta para “ambiente de confronto e conflitualidade” no Governo

O presidente do Chega apontou hoje “desequilíbrio emocional” e “precipitação política” ao primeiro-ministro, António Costa, e considerou que o “ambiente de confronto” com o Presidente da República deixa o Governo sem condições para continuar em funções.

“O que vimos hoje foi um certo desequilíbrio emocional, precipitação política e uma vontade de confronto que me leva a perguntar novamente se está bem”, afirmou o líder do Chega.

André Ventura considerou que “o ambiente de confronto e de conflitualidade que hoje se abriu entre o Presidente da República, entre o país, o primeiro-ministro e o Governo deixam sem grandes condições de continuidade o Governo de António Costa quanto ao exercício do seu mandato”.

“Deve haver dissolução da Assembleia da República e o Chega está preparado para ser uma alternativa e para governar o país”, defendeu.

O presidente do Chega alertou igualmente que o “clima de crispação e de conflitualidade vai marcar atualidade política durante os próximos dias e as próximas semanas”.

Catarina Martins diz que Costa está a perder tempo

A coordenadora do BE acusou hoje o primeiro-ministro de estar a “perder tempo” que o “país não tem” em vez de fazer uma reorganização do Governo, criticando “a absoluta degradação” e o silêncio sobre “os problemas políticos” do executivo.

“Julgo que foi uma surpresa para todo o país ouvir hoje o primeiro-ministro de Portugal a fazer uma declaração solene sobre uma coboiada do Ministério das Finanças e não dizer uma palavra sobre os problemas políticos do Governo. É sinal de uma absoluta degradação ou se quiserem é a maioria absoluta como ela própria”, disse Catarina Martins aos jornalistas em reação à decisão anunciada por António Costa de não aceitar o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas.

Para Catarina Martins, o primeiro-ministro “decidiu perder tempo” que “o país não tem “, considerando que “o que era preciso era uma reorganização do Governo”, não apenas dos “ministros descredibilizados”, mas da própria política do executivo.

Questionada sobre a necessidade de dissolução do parlamento ou demissão do Governo, a líder do BE respondeu que os bloquistas vão ouvir “com atenção o senhor Presidente da República”, mas assegurou que o seu partido “está preparado para qualquer cenário”.

Segundo a líder do BE, o primeiro-ministro “achou por bem falar de um incidente rocambolesco, de uma bicicleta atirada não sei para onde em vez de falar daquilo que é o problema”.

“Problema é que sucessivos ministros mentem sobre a sua relação com uma importante empresa publica portuguesa, a TAP”, criticou, apontando um “Governo absolutamente descredibilizado”.

Rui Rocha pede dissolução do parlamento

O presidente da IL acusou hoje o primeiro-ministro de ter aberto “um conflito institucional gravíssimo” com o objetivo de “humilhar publicamente” o Presidente da República, considerando que “a única maneira de repor a normalidade” é dissolvendo o parlamento.

Numa reação à decisão hoje anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, de não aceitar o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas, Rui Rocha classificou este episódio como “uma enorme encenação” do chefe do executivo e um “incidente gravíssimo”.

“Perante uma tentativa publica de humilhação ao senhor Presidente da República, a palavra devolve-se ao senhor Presidente da República”, defendeu o líder liberal, considerando que “a única maneira de repor a normalidade democrática é que haja uma dissolução do parlamento e que os portugueses sejam chamados a pronunciar-se”.

Comunistas querem é “chegar ao fim do mês”

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, defendeu hoje que o essencial “não é a entrada ou a saída de ministros”, mas “a resposta aos problemas dos portugueses”, sem responder se defende eleições antecipadas.

Paula Santos reagia no parlamento ao anúncio do primeiro-ministro, António Costa, de que não aceita o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas, posição que já mereceu a discordância por parte do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota oficial.

“Como o PCP tem vindo a dizer, a questão essencial não é a entrada ou saída de ministros ou de secretários de Estado, é a resposta aos problemas dos portugueses: aumentar salários e pensões, garantir o direito à habitação ou a prestação de cuidados de saúde”, afirmou Paula Santos.

Questionada, por várias vezes, se o PCP defende que o Presidente da República deverá dissolver o parlamento ou demitir o Governo, Paula Santos nunca respondeu diretamente se o partido considera preferível a existência ou não de eleições antecipadas.

“O que é necessário, o que preocupa a população do nosso país é se consegue chegar ao fim do mês (…) O que entendemos que é prioritário é resolver os problemas que temos no nosso país e que são imensos”, repetiu, às várias questões colocadas.

 
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