O despiste mortal de um jovem, na zona da Caniçada, em Vieira do Minho, está a revoltar a população local, além da comunidade vieirense e de muitos utentes diários daquele troço da EN304 que liga a EN103 às Pontes de Rio Caldo, com curvas apertadas e bem íngreme.
Entre as entidades oficiais que têm alertado o Estado Central, avulta a Câmara Municipal de Vieira do Minho, por diversas vezes, mas nunca foram realizadas as obras visando um melhor enquadramento de segurança a vários níveis naquela estrada muito movimentada.
Através de comunicado enviado à Redação de O MINHO, a Câmara Municipal de Vieira do Minho reitera aquilo que já tem denunciado, isto é, estar “preocupada com a falta de limpeza nas bermas e valetas, a inexistência de rails de proteção nas estradas nacionais que atravessam o território de Vieira do Minho” e por isso “a Câmara Municipal de Vieira do Minho tem vindo a alertar a Infraestruturas de Portugal”.
Segundo a autarquia vieirense, “estas situações, em muitos casos, constituem uma séria ameaça à segurança dos peões e colocam em perigo a própria circulação dos veículos”.
“No sentido de tentar resolver o problema há muito identificado, o Município de Vieira do Minho tem efetuado várias reclamações à Infraestruturas de Portugal”, sendo que “o problema já se arrasta há vários meses e até agora apesar das insistentes reclamações junto das entidades nacionais, nada foi feito”.
O Município de Vieira do Minho recorda que “terça-feira um jovem de 32 anos morreu na sequência de um despiste de automóvel quando subia a EN304, entre as Pontes de Rio Caldo e a EN103, acontecimento que provocou forte consternação junto da população local, ameaçando mesmo proceder ao corte da estrada nacional”.
“Relembre-se que a Nacional 304 é a estrada de ligação à Albufeira da Caniçada, ao Santuário de São Bento da Porta Aberta e ao Gerês, registando uma fortíssima circulação de automóveis”, acrescenta a Câmara Municipal de Vieira do Minho.
A trágica caída em ravina
Francisco Silva, o “Kika”, de 32 anos, solteiro, vivia com a mãe e era pedreiro numa firma de construção civil, em Cantelães, Vieira do Minho, tendo-se despistado na segunda-feira de manhã, quando subia a EN304, ao Quilómetro 82, caindo o carro para uma ravina com cerca de 50 metros, após o que foi cuspido mais de 30 metros para fora do seu automóvel.
O jovem foi descoberto 24 horas após o acidente, casualmente por um grupo de ciclistas que se dirigiam para o Gerês, por um caminho em terra batida, entre Soengas e Caniçada, tendo visto um automóvel WV Golf 3 de cor bordô e depois o cadáver de Francisco Silva.
Como o local onde o carro de enfaixou não é visível, mesmo para quem faz o percurso a pé pela EN304, ninguém desde anteontem de manhã cedo deu com o automóvel, pelo que a vítima, mesmo que tivesse caído ainda com vida, acabaria já por morrer sem assistência, enquanto os familiares durante cerca de 24 horas estranharam a sua ausência, aguardando o seu contacto, telefonando para o telemóvel de “Kika”, mas que obviamente não atendeu.
Os Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho transportaram já o corpo para o Gabinete Médico-Legal e Forense do Cávado, em Braga, onde será hoje autopsiado, para esclarecer melhor as causas do falecimento do jovem vieirense, que tinha três irmãos e duas irmãs, deixando um ambiente de grande consternação na zona, já que residia perto do local do despiste, tendo os familiares recebido apoio psicológico da Cruz Vermelha de Rio Caldo.
No local esteve o comandante do Destacamento Territorial da GNR da Póvoa de Lanhoso, capitão Salgado Mendes, secundando as patrulhas da GNR de Vieira do Minho, depois do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação (NICAC) do Destacamento de Trânsito da GNR de Braga descer à zona do acidente, fazendo as primeiras peritagens.