É um projeto a quatro mãos que já chega a Portugal e às ilhas a partir de uma cozinha familiar em Monção. Teresa Vieira desenvolveu a receita e aprimorou o gosto. A filha, Raquel Vieira, que também lhe seguia as pisadas, despediu-se do trabalho em janeiro de 2022 e, juntas, decidiram apostar no negócio que tem prosperado sob o mote de “preservar as tradições e divulgar Monção”.
O projeto “A Rosqueira” é um dos fabricantes oficiais do doce Roscas de Monção, eleito uma das 7 maravilhas da doçaria portuguesa por um programa da RTP, e espera vender milhares de doces, por entre roscas, rosquilhas e papudos, durante o período festivo. Estes doces típicos de Monção “apresentam-se sob a forma de argola e são, maioritariamente, aglomeradas em torres/castelos e cobertas de calda de açúcar”.
A O MINHO, Raquel explica que a Festa da Rosca, em Cambeses, Monção, onde residem e atualmente têm a cozinha licenciada, está na origem da aposta neste tipo de doçaria. “A minha mãe começou a fazer roscas na associação, há cerca de oito, nove anos, e foi estudando até desenvolver, por aproximação, uma receita que usamos atualmente, porque até então não existia ou não era tornada pública pelas rosqueiras mais antigas que vendem nas feiras”, contextualiza.
A agora empresária e ‘rosqueira’ de Monção lembra que é proveniente da área de serviço social, onde exercia funções de assistente, enquanto a mãe, desde 2019, ia confecionando e vendendo este tipo de doce. Ao perceber que as encomendas iam aumentando, Raquel decidiu despedir-se para se dedicar “a 100% às roscas” juntamente com a mãe.
“As encomendas foram aumentando e eu desafiei a minha mãe para nos lançarmos nisto a sério. Construímos uma cozinha devidamente licenciada e em janeiro do ano passado despedi-me do serviço e agora dedico-me a 100% às roscas”, revela.
Embora seja uma ‘iguaria’ muito lembrada na Páscoa para apetrechar as mesas das famílias durante a visita pascal, Raquel confidencia que não se pode dizer que é a altura mais forte de encomendas e vendas, porque isso acaba por acontecer sempre que existem festas, desde as romarias ao Natal. Porém, a altura em que mais vende – 1.500 dúzias (ou cerca de 18.000 roscas) – é durante a Festa do Alvarinho de Monção, “porque lá vão muitos turistas”.
Na tradicional Feira da Foda, por exemplo, com menos gente, foram vendidas cerca de 500 dúzias, ou cerca de 6.000 roscas, número que deverá ser superior nesta Páscoa.
A Rosqueira não tem loja física, “mas tem a cozinha e faz entregas à porta”, para além da revenda em Monção: numa pastelaria, numa loja e em dois espaços ligados ao turismo, um deles do município (que alterna entre quatro confecionadores todas as semanas).
Também há muita gente de todo o país que utiliza as redes sociais para o contacto: “Ligam para comprar, ainda ontem fizemos um envio para Lisboa, porque há muitas pessoas que viveram cá no Vale do Minho e foram embora há muitos anos, mas têm esse sabor de nostalgia e encomendam para matar saudades”.
As encomendas já foram diversos locais do país, desde Lagos, Alentejo e até para os Açores. “E há quem peça para França e Espanha, só que os portes são caros, Mas quando vêm cá de férias, os portugueses levam para o estrangeiro”, conclui Raquel Vieira, lembrando que os doces, “também no verão, na altura das excursões, vendem-se muito”.