Um vídeo partilhado nas redes sociais mostra uma descarga da ETAR de Agra, em Fradelos, Famalicão, para o rio Ave, que ‘mancha’ o leito de uma cor acastanhada e cria espuma na água.
Segundo relato de um utilizador que partilhou o vídeo, filmado no passado sábado, também se sentia cheiro de águas residuais naquela zona e aquele cenário repete-se nas últimas semanas.
Questionado por O MINHO, a Tratave, entidade gestora do Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave, garante que a água tratada cumpre todos os requisitos e que a situação verifica-se devido “às características das águas” tratadas naquela ETAR e ao facto de o caudal estar reduzido, o que não permite a melhor diluição da água tratada no rio.
A Tratave explica que a ETAR de Agra “foi concebida para tratar águas residuais provenientes de uma área com forte implantação industrial e veio resolver um problema ambiental grave associado a descargas de efluentes não tratados que anteriormente se verificavam no rio Ave. Trata-se de uma instalação de referência nacional, com um esquema de tratamento que utiliza as tecnologias mais recentes e que possui um elevado desempenho”.
Posto isto, a empresa garante que “a água tratada cumpre integralmente, e em permanência, o Título de Utilização de Recursos Hídricos emitido pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente”.
“O acompanhamento do desempenho da ETAR é efetuado através da monitorização contínua da qualidade da água tratada que é descarregada no meio hídrico recetor – rio Ave”, acrescenta.
Relativamente à descarga filmada, a Tratave explica que a situação se deve “principalmente às características das águas residuais que são tratadas nesta ETAR e, simultaneamente, ao facto de o rio Ave possuir atualmente um caudal muito reduzido, não sendo assim possível uma melhor diluição da água tratada no meio recetor de modo a evitar a coloração da água”.
Questionado por O MINHO se esta situação se reveste de gravidade para o ambiente, a Tratave responde que “não, dado que a ETAR de Agra cumpre integral e escrupulosamente os valores limite de emissão estabelecidos no Título de Utilização de Recursos Hídricos emitido pela Agência Portuguesa do Ambiente”.
A Tratave é, desde 25 de setembro de 1998, quando foi assinado o “Contrato de Exploração e Gestão do SIDVA”, a TRATAVE – Tratamento de Águas Residuais do Ave, S.A., a entidade gestora do Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave (SIDVA) por 25 anos.
Ou seja, é a empresa responsável, na “respetiva área de intervenção” – que abrange os municípios de Guimarães, Santo Tirso, Trofa, Vila Nova de Famalicão e Vizela -, pela “exploração e a gestão, em regime de exclusividade, do Serviço Público de drenagem, depuração e destino final das águas residuais materializado pelo SIDVA”.