A obra de desassoreamento do portinho de pesca de Vila Praia de Âncora, da responsabilidade da Polis Litoral Norte, deverá arrancar em maio, num investimento de 1,6 milhões de euros, disse hoje o presidente da Câmara de Caminha.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Alves informou que “o Tribunal de Contas deu visto prévio à empreitada de 1,6 milhões de euros, de enorme complexidade burocrática”, pelo que a expetativa é que “os trabalhos preparatórios deverão começar em abril, de modo a que as dragagens possam ocorrer em maio”, afirmou o socialista.
Miguel Alves realçou ser “necessário fazer o desassoreamento e salvar o verão, porque a Praia das Crianças não pode chegar à época balnear com tráfego de camiões que levam a areia para a Duna dos Caldeirões, outro objetivo da empreitada, que passa por consolidar a Duna dos Caldeirões, derrubada em 2014”.
O assoreamento no portinho de Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha, que hoje conta com pouco mais de vinte embarcações de pesca tradicional e uma centena de pescadores, é um problema recorrente.
Após vários anos de reivindicações, o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos gastou, no primeiro semestre de 2013, mais de 400 mil euros para dragar aquela barra.
Em junho desse ano, cerca de 15 dias depois de concluída a operação, a barra já se estava novamente assoreada, problema que os pescadores afirmam dever-se também à configuração do portinho, construído há cerca de uma década.
“Este é um assunto que tem vindo a ser acompanhado de perto pela Câmara em permanente diálogo com a Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora. Os nossos pescadores estão desesperados sem poder ir ao mar, correm riscos de vida sempre que o fazem para poder ganhar algum dinheiro e já não é possível esperar mais”, frisou o autarca socialista.
Estima-se que a atividade piscatória envolva perto de 200 pessoas em Vila Praia de Âncora, da pesca propriamente dita à venda e ou à restauração.
Hoje, o autarca Miguel Alves alertou que “as dragagens não podem acontecer com o mar revolto de inverno e que o empreiteiro vencedor do concurso tem de cumprir com muita burocracia – certidões, cauções, planos de segurança, entre outras”.
“Estamos confiantes de que os trabalhos de montagem de estaleiro e o trânsito da draga para Vila Praia de Âncora possa acontecer a seguir à Páscoa, de modo a que a obra comece no mês de maio, o mais tardar”.
O prazo de execução é de 180 dias, ou seja, cerca de seis meses.
Quanto à empreitada na duna dos Caldeirões, da responsabilidade da sociedade Polis Litoral Norte, será financiada em 75% pelo POSEUR- Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos e em 25% pela DGRM – Direção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, através de protocolo celebrado com a Polis Litoral Norte”.
Segundo a Polis, a “intervenção agora executada, consiste na alimentação artificial de areias na duna, a partir da dragagem de areias em excesso no portinho, com vista à sua reconstituição/reforço, apoiada numa solução de intervenções mistas de obras de reforço no núcleo da duna”.
Aquela intervenção será feita “através da implantação de núcleos resistentes com recurso a geotubos cheios de areia, complementadas com intervenções de bioengenharia na consolidação e estabilização das margens do rio Âncora, atendendo à recorrência fenomenológica e à resiliência do meio”.
“Pretende-se a implementação de uma solução de minimização do forte processo erosivo observado nesta área”, sustenta a sociedade.
Criada em 2009, a sociedade Polis Litoral Norte prevê obras de reabilitação numa faixa costeira de 50 quilómetros, integrando ainda as zonas estuarinas dos rios Minho, Coura, Âncora, Lima, Neiva e Cávado, numa extensão de, aproximadamente, 30 quilómetros. A área de intervenção totaliza cerca de cinco mil hectares e integra o Parque Natural do Litoral Norte.
A sociedade foi constituída entre o Estado e os municípios de Caminha, Viana do Castelo e Esposende.