Depois de grande parte dos dirigentes das concelhias do distrito de Braga e do único vereador eleito no Minho nas últimas eleições autárquicas terem abandonado os respetivos cargos que ocupavam no partido Chega, foi a vez do deputado municipal de Viana do Castelo, Manuel Moreira, também bater com a porta a André Ventura, depois de perceber que lhe foi retirada a confiança política por parte da distrital do partido.
Em comunicado enviado a O MINHO, Manuel Moreira anuncia a sua continuidade no hemiciclo municipal, mas agora como deputado independente, apesar da “profunda tristeza” que diz sentir em abandonar as funções num partido onde “vestiu a camisola, tanto na sua defesa como no apoio, quer logístico, quer financeiro”.
O também cabeça-de-lista pelo Chega em Viana nas últimas Legislativas diz que os fundadores da comissão concelhia do Chega foram “abandonados” à “sorte”, humilhados e perseguidos, sem que a direção nacional se pronunciasse, apontando o dedo ainda a “militantes do Porto”, a quem acusam de ter “tomado” a distrital Chega do Alto Minho, tornando-a “o pior que se pode ver na política”.
“Com efeito, mesmo sem ter sido formalmente informado das razões que levaram à minha retirada da confiança política por parte da Comissão Política Distrital de Viana do Castelo do CHEGA, e sequer à Dra. Flora Silva, Presidente da Assembleia Municipal, fui forçado a assumir-me deputado independente”, afirma.
Manuel Moreira diz ser incompreensível, tanto para os envolvidos como para os cidadãos que votaram no Chega, “a forma irresponsável e leviana com que se retirou a confiança política ao único representante do partido eleito no distrito”.
O deputado diz que ninguém da distrital o informou da retirada de confiança, e que apenas soube “por terceiros”, lembrando que votou “contra” o plano de atividades e orçamento em reunião de Câmara, contrariando o argumento dos tais “terceiros”.
Diz que a direção de André Ventura, “lamentavelmente”, limita-se a “fazer fé em tudo o que é reportado pelas distritais, sem previamente verificar se estão a agir dentro da lei ou não. E assim, porque não há qualquer controle à actuação dos dirigentes distritais, eles agem impunemente de forma autocrática, em atropelo constante à lei partidária e princípios éticos, motivados exclusivamente por interesses pessoais”.
Manuel Moreira diz que foi posto em prática um “plano de perseguição pessoal e política” levada a cabo pelos novos eleitos na comissão distrital, que só não aconteceu mais cedo porque, alega, precisavam do deputado para “financiar e trabalhar a campanha e assegurar votos para a lista que os elegeu”.
A terminar, afirma que o Conselho de Jurisdição de Viana do Castelo demitiu-se em bloco em franca discordância com a forma de atuação da nova direção distrital.