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A deputada do PSD na Assembleia da República, Ana Santos, defendeu, domingo, em Genebra, na Suíça, que, “atualmente, as mulheres exercem funções, com um conjunto significativo de tarefas, que a Inteligência Artificial (IA) pode substituir, de forma substancial”.
A parlamentar, eleita pelo círculo de Braga, sublinhou que “profissões tradicionalmente ocupadas por mulheres, como as do atendimento ao cliente, saúde e educação, estão entre as mais ameaçadas pela automação, não estando o risco apenas na substituição direta por máquinas, mas também na substituição por indivíduos que dominam a tecnologia”.
A deputada integrou a delegação da Assembleia da República à 149.ª Assembleia da União Interparlamentar, que junta centenas de parlamentares de todo o mundo, e que decorre naquela cidade, até 17 de outubro.
Impacto da IA na democracia
Assim, fez uma intervenção relativa ao projeto de resolução intitulado, “O impacto da inteligência artificial na democracia, nos direitos humanos e no Estado de direito”
Ana Santos abordou a 4.ª edição do relatório ‘Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal’, da Fundação José Neves, – um estudo desenvolvido por um conjunto de investigadores das universidades do Minho e de Aveiro – tendo defendido que as mulheres, “que já enfrentam em Portugal a disparidade salarial de género, estão em profissões mais expostas que os homens à IA (20,9% face a 16%)”.
IA reconfigura mercado de trabalho
“A revolução da Inteligência Artificial (IA) está a reconfigurar o mercado de trabalho a um ritmo acelerado, sendo os dados alarmantes”, vincou, alertando ainda para o facto de “este cenário destacar uma diferença crítica de género que pode acentuar ainda mais as desigualdades existentes no ambiente profissional”.
Lembrando as estatísticas divulgadas pelo Fórum Económico Mundial, assinalou que “apenas 51% das mulheres utilizam ferramentas de IA gerativa semanalmente, enquanto 59% dos homens já incorporaram essa prática nas suas rotinas”.
E, prosseguindo, avisou: “O baixo envolvimento feminino com a IA é preocupante, podendo deixar as mulheres em desvantagem competitiva num mercado de trabalho que cada vez mais valoriza a familiaridade com a tecnologia”.
Mulheres devem aprender a usar a IA
Nesse sentido, questionou: “Que vias de solução?”, frisando que as mulheres devem procurar ativamente aprender e aplicar IA nas suas áreas de atuação. Esta será uma forma, não só de proteger as suas carreiras, mas também de se posicionarem como líderes”.
Para a deputada, “envolvendo-se mais com a IA, as mulheres podem ajudar a moldar o futuro da tecnologia de uma forma que seja mais inclusiva e representativa, garantindo que as ferramentas tecnológicas do futuro refletem uma sociedade mais justa e equitativa”.
E sustentou, ainda: “As mulheres devem, pois, ser incentivadas a explorar a IA e outras tecnologias emergentes desde cedo, através de iniciativas educacionais que desmistifiquem essas áreas e as tornem mais acessíveis. Além disso, políticas públicas e programas corporativos precisam de ser implementados para oferecer suporte e treino contínuo, permitindo que as mulheres desenvolvam as habilidades necessárias para prosperar num mercado de trabalho em transformação”.
Empresas têm papel fundamental
E, a concluir, anotou: “Também as empresas terão um papel fundamental nesse processo, pois ao garantir que mais mulheres estejam envolvidas no desenvolvimento de IA, as empresas estão a fomentar a equidade. A chave para evitar que as mulheres sejam deixadas de lado num futuro dominado pela IA, reside na educação, na inclusão, na conscientização sobre a importância de se adaptar às mudanças tecnológicas, na valorização crescente da aprendizagem ao longo da vida e das qualificações, bem como a adaptação ao impacto da digitalização e da IA no (novo) mercado de trabalho”.