Neste Artigo
O piloto Joaquim Rodrigues Jr., de Barcelos, está prestes a iniciar a sua oitava participação no Rally Dakar e quer deixar para trás os azares, depois de uma época “para esquecer”. A maior prova de todo-o-terreno do mundo decorre entre 05 e 19 de janeiro na Arábia Saudita e o motard já conta no palmarés com uma vitória de etapa.
Joaquim Rodrigues Jr. abandonou a prova de 2023 à quarta etapa, após uma queda, quando seguia na 16.ª posição da geral.
“Naquele dia, as dunas estavam muito complicadas de subir, então tinha de tentar embalar o máximo possível para tentar subir. E ao subir, tinha alguma coisa dura escondida na duna, eu bati, saí projetado da mota e parti o fémur”, explicou “J-Rod” a O MINHO, antes da partida para o Dakar.
Foi mais uma grave queda, contudo menos violenta do que aquela que sofreu em 2018, logo na primeira etapa do Dakar.
“Foi muito diferente, da outra vez não me lembro de nada. Não ia muito devagar, mas também não ir muito depressa. Caí, andei aos tombos, só dei por ela quando me ia a pôr a pé e a perna não respondia. Então foi aí que percebi que tinha partido a perna”, contou o piloto da marca indiana Hero MotoSports.
Mais de nove meses a recuperar
A nível desportivo, perdeu-se a oportunidade de um resultado positivo: “Estava forte fisicamente e o meu ritmo de corrida estava bastante bom, a lutar pelos lugares da frente e infelizmente aconteceu o acidente”.
Após o despiste, foi rapidamente resgatado de helicóptero para o hospital e, depois, seguiram-se oito meses de recuperação para o fémur.
Quando voltou aos treinos, ganhou uma infeção no osso e, aí, foi mais um mês e meio a recuperar.
“Depois estava a treinar para o Rali de Marrocos e lá, no ‘shake down’, bati numa raiz que estava debaixo da areia e caí”, disse. Partiu a omoplata.
“Foi um ano muito mau para mim”
Voltou a andar de moto apenas há algumas semanas e passou uma época inteira, após a queda no Dakar, sem competir.
“Foi um ano muito mau para mim, não fiz nenhuma corrida e isso condiciona-me”, lamentou.
Vai às “cegas”, começar a prova “com calma”. “Ver onde estamos e dia após dia tentar melhorar um bocadinho”, referiu.
Não aponta, à partida, para grandes objetivos, como a vitória de etapa que alcançou em 2022 ou lutar por ficar entre os 10 mais fortes.
“Neste momento é tentar terminar a corrida. Não sei se vou conseguir estar apto para aguentar a corrida toda. Por muito treino físico que tenha feito, a corrida é diferente. São duas semanas intensas. O principal objetivo é terminar a corrida e no final tentar estar num bom lugar”, garantiu.
“No deserto tudo pode acontecer”
Afinal, “um ano parado muda muita coisa e o ritmo de corrida de certeza” que vai faltar. “Não há milagres”, atirou.
Para a prova de 2024, o experiente piloto espera o mesmo de “sempre”: “Frio e etapas duras”. A receita para atingir o sucesso é “evitar os erros de navegação e as quedas”. “No deserto tudo pode acontecer”, lembrou.
O piloto de Barcelos, multipremiado no motocross e supercross e com uma carreira internacional de sucesso, só pensa no futuro após concluir o Dakar. “Primeiro é melhor acabar este, depois pensamos no resto”, frisou.
Há 23 portugueses inscritos
A prova, que pelo quinto ano se disputa na Arábia Saudita, arranca em Al-Ula com um prólogo no dia 05 e termina em Yanbu, no dia 19, após 7.881 quilómetros, 4.727 dos quais (cerca de 60% do total) serão cronometrados.
“J-Rod” é, até ao momento, um dos 23 portugueses inscritos, divididos pelas várias categorias da competição
De acordo com a lista de inscritos divulgada pela organização, a próxima edição da prova, que pela quinta vez se realiza na Arábia Saudita, terá 18 concorrentes lusos na prova principal e cinco no Dakar Clássico.
Nas duas rodas estão inscritos Rui Gonçalves (Sherco), Joaquim Rodrigues Jr. (Hero), António Maio (Yamaha), Mário Patrão (KTM), que volta a competir sem assistência, Alexandre Azinhais (KTM), Bruno Santos (Husqvarna) e Gad Nachmani (KTM), que corre com licença portuguesa. Nas duas rodas há, ainda, o luso-germânico Sebastian Bühler (Hero), que compete com licença alemã.
Nos automóveis, Paulo Fiúza navega o lituano Vaidotas Zala (Mini), Gonçalo Reis o espanhol Pau Navarro (Mini) e José Marques o lituano Petrus Gintas (MO).
Nos Challenger, destaque para as duplas Mário Franco/Daniel Jordão (Can-Am) e João Monteiro/Nuno Morais (Can-Am), a que se junta o antigo campeão nacional de todo-o-terreno, Ricardo Porém (Can-Am), navegado pelo argentino Augusto Sanz.
Nos SSV, João Ferreira faz dupla com o experiente Filipe Palmeiro, num Can-Am preparado pela South Racing, com ambições à vitória. Fausto Mota (que corre com licença espanhola) navega o brasileiro Cristiano Batista (Can-Am).
No Dakar Clássico, António Costa e Luís Miguel Calvão participam com um jipe UMM nacional, na categoria para carros históricos, que se disputa à margem da prova principal.
Nesta categoria participam ainda Paulo Oliveira (com licença moçambicana) e Arcélio Couto, em outro UMM. Ambos já têm experiência nas motas.
Por fim, Alexandre Freitas compete nos Camiões Clássicos, num Iveco, com Luca Macini e Marco Giannecchini.
Ao todo, estão inscritos 434 veículos divididos por 137 motas, 10 quads, 72 carros (na nova categoria Ultimate, que congrega os T1 protótipos e os T2 de série), 42 Cahllenger (os antigos T3 ou veículos ligeiros protótipos), 36 SSV (que corresponde aos antigos T4 ou veículos ligeiros derivados de série) e 46 camiões. Há ainda três stock (automóveis elétricos), 66 automóveis clássicos e 14 camiões clássicos. No Dakar Future Mission participam seis motas, um automóvel, um camião e dois veículos ligeiros.