Calcorreou o mundo e, em especial, a Ásia. Como poucos. Muito poucos. Dos sopés dos Himalaias ao sul da Índia e do coração da Mongólia às montanhas do Nepal, Manuel Cantamba, 70 anos, empresário de Santa Marta de Portuzelo, Viana do Castelo, conta mais de uma centena de países no passaporte. E garante que foi a esposa, recentemente falecida, a encorajá-lo a visitar o mundo.
“A minha mulher encorajou-me a percorrer o mundo. Sim, é uma verdade”, garante o empresário. A esposa acompanharia, em muitas das vezes, o marido. Porém, um episódio, ocorrido na Líbia, em que os dois viriam a ser detidos – para, depois, e suspeitas esclarecidas, virem a ser libertados -, levaria a que a mulher não acompanhasse Manuel Cantamba em cenários tido como delicados. Ou mais difíceis.
“Fomos a imensos países. Mas, quando os países apresentavam algum tipo de risco, ela incentivava-me sempre a ir. Mas optava por ficar. Falamos de cenários em que não só para as mulheres são difíceis, mas mesmo para os homens. Para estrangeiros. Mas encorajou-me sempre”, assinala.
Recentemente, Cantamba, agraciado que foi com o título de visconde do Pinheiro, visitaria, pela segunda vez, um dos maiores campos de refugiados do mundo, no Bangladesh. “Há perto de 20 anos, o campo contava algumas dezenas de milhares de refugiados. Hoje, o número de pessoas beira o milhão. Um cenário difícil, muito difícil, que poucas pessoas, mesmo poucas, fazem ideia. Na sua maior parte, fogem do Mianmar (antiga Birmânia)”, recorda.
Na agenda, tem, agora, o Turquemenistão, peça asiática que falta no puzzle do empresário, colecionados que foram destinos como o Butão, o Afeganistão e a Coreia do Norte. “Um país lindíssimo, que nunca tive a oportunidade de visitar. Será a minha próxima viagem. Assim espero”, garante.
Quanto ao Afeganistão, afiança: “É um país que merece a atenção de todos. O povo é de uma grandiosidade extrema. E não merece, de todo, o que está a sofrer. Ninguém merece isso”. Aludindo à história e monumentos do país, acrescenta: “Estão a ser destruídas belezas de uma raridade enorme, situação para a qual não conseguimos encontrar palavras”.
De igual modo, Manuel Cantamba viria a abraçar e apoiar, desde cedo, as coletividades e agremiações da terra que o viu nascer. Integraria a direção do Grupo Desportivo do Centro Paroquial de Santa Marta e viria a ser relações públicas do icónico Grupo Folclórico da localidade. Pelo meio, não poupa elogios ao antigo pároco da localidade – padre Valdemiro Barreiros -, que, afiança, “sempre me apoiou nas minhas viagens à volta do mundo”. A propósito, destaca os contributos do antigo autarca da cidade, Defensor Moura, bem como os da ex-vereadora da Cultura e atual presidente da Assembleia Municipal do concelho, Flora Silva: “Apoiaram-me sempre. E sempre levei o nome de Viana comigo”.
Levaria, também, consigo – como quase sempre o fez -, o nome de Portugal. E de Santa Marta de Portuzelo. Em recordações e peças de artesanato tipicamente vianenses. Nesse sentido, reconhece o apoio do autarca da localidade, Paulo Maciel: “É uma pessoa que sempre me apoiou. Bem como a Junta. E a freguesia”. Numa recente viagem ao centro da Ásia – onde revisitaria o Bangladesh, o Nepal e o Tibete -, fez-se acompanhar de peças e lembranças da freguesia. E de Viana. No primeiro daqueles destinos, o gesto viria a ser reconhecido e agraciado pelo governador da província local, que agradeceria ao concelho vianense e a Santa Marta com criações ali feitas. No coração da Ásia. “Para mim, foi uma alegia enorme”, conclui.
Redigido pelo jornalista Luís Henrique Oliveira.