A Cruz Vermelha de Braga acompanha em permanência 13 pessoas em situação de sem-abrigo.
A instituição aliou-se à Cáritas, à Câmara, ao Centro Social e Cultural de Santo Adrião e aos centros de acolhimento existentes na cidade, para formar o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA), que procura soluções para integrar os sem-abrigo em residências sociais.
“As situações de sem-abrigo na cidade de Braga estão praticamente todas sinalizadas”, afirma Nuno Rodrigues, técnico de serviço social e responsável pela equipa de intervenção social direta da Cruz Vermelha.
Questionado por O MINHO, sobre uma fotografia, que contempla uns cobertores e uns panos esticados sobre uma tira de cimento, após a relva húmida que cresce no jardim árido da Segurança Social, garante: “Essa situação já está sinalizada e o NPISA trabalha em conjunto para que as pessoas sem-abrigo deixem de o ser”.
Os sem-abrigo na cidade têm o contacto de Nuno Rodrigues escrito num pedaço de papel ou decorado pela memória de um telemóvel. O seu trabalho é acompanhar a vida de quem dorme na rua, ou de quem já dormiu na rua, acolhido nalgum abrigo, albergue social ou alojamento privado contratualizado com a Segurança Social.
Houve uma redução de 38 para 13 pessoas a dormir e a viver na rua, um avanço promovido pelo NPISA que irá alojar mais duas pessoas através dos “apartamentos partilhados e a cooperação entre os centros de acolhimento da cidade”.
“Há ainda 13 pessoas sinalizadas na rua, mas acabámos de integrar cinco indivíduos, que estavam sem-abrigo há muito tempo na zona do castelo e criamos condições para integrar mais duas pessoas”, afirma o técnico social relativamente aos progressos alcançados ultimamente.
As novas respostas de acolhimento estruturadas pelo NPISA contemplam “três apartamentos partilhados para 15 pessoas e três apartamentos T0”.
“Poder-se-iam apontar as restrições dos albergues sociais à liberdade individual dos utentes, como potenciadoras de sem-abrigo por opção, mas o técnico da Cruz Vermelha contrapõe que “as pessoas sem-abrigo são situações complexas do ponto de vista da sua exclusão social”, e acrescenta: “São fenómenos de exclusão profundos, se as pessoas não estiverem estabilizadas, criam problemas e saem da habitação”.
“A Cruz Vermelha tem um alojamento a funcionar que não impede as pessoas de consumirem. O álcool não é um impeditivo para que estejam no centro, o comportamento que têm por causa do álcool é que pode ser”, afirma o técnico social, enquanto aponta os principais fatores de risco: “Saúde mental, álcool, substâncias ilícitas”.
“As pessoas estão na rua, porque não estão em condições de tomar as melhores decisões para a sua vida, continuamos a acompanhar as pessoas mesmo na rua, inclusive com médico de família. Se a pessoa ficar muito violenta sob o efeito do álcool é impossível mantê-la num quarto”, explica Nuno Rodrigues.
“Estamos a criar condições, para integrar mais três pessoas num apartamento partilhado, e estamos na rua 365 dias por ano. O que queremos é retirar as pessoas da rua, por vezes não é possível, mas continuamos a lutar”, conclui o técnico da Cruz Vermelha.