Começou a demolição do campo de jogos junto da casa de Cristiano Ronaldo, no Gerês, depois de há quatro meses o craque ter mandado desmantelar um anexo, por ambas as obras não terem sido autorizadas e violarem as regras urbanísticas daquela área do Parque Nacional da Peneda-Gerês, duplamente protegida, pela Reserva Agrícola Nacional e pelo Plano de Ordenamento da Albufeira da Caniçada, numa zona que está sujeita a permanente erosão.
Cristiano Ronaldo terá até à próxima quinta-feira para terminar a remoção do campo de jogos, onde costumava praticar futebol e ténis, data em que terminará a validade do alvará de demolição, emitido já pela Câmara de Terras de Bouro, a pedido do craque, através dos seus advogados, de Lisboa, visando, tal como fez com a casa do feitor, para a reposição do local como estava antes da operação urbanística, ilegal, no que diz respeito a ambas as situações e porque não estavam contempladas pelo projeto inicial autorizado.
CR7 só por mera prescrição é que escapou às acusações dos crimes de violação de regras urbanísticas e de falsificação de documentos, por alegadamente ter mandado construir já para além do espaço autorizado a edificar numa zona de proteção hídrica daquela zona da localidade do Assento, na freguesia de Valdosende, do concelho de Terras de Bouro, que tinha prevista para a sua ampla propriedade a manutenção de um bosque, mas acabou por ser ali construído o campo de jogos, tendo sido deslocadas algumas edificações entre tudo estava previsto, num dos casos para ser construído o heliporto para aceder de helicóptero.
Mas, segundo o Ministério Público, essas construção foram realizadas à revelia do projeto aprovado, em zona reservada e parcialmente em domínio hídrico, além de interferir com a Reserva Ecológica Nacional (REN), como sucede com muros e acessos da propriedade.
GNR e IGAMAOT no terreno
A Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) foi para o terreno, na sequência das denúncias dos Indignados de Lourado, da outra margem do rio Cávado, no concelho de Vieira do Minho, tendo detetado imensas irregularidades administrativas e grande parte das quais constituem crimes, prevendo-se para este ano dois julgamentos, um do lado de Vieira do Minho, outro de Terras de Bouro, envolvendo autarcas de ambos os municípios, bem como técnicos superiores camarários.
A GNR foi decisiva nesta investigação criminal, em duas fases, primeiro fiscalizando ela própria as construções ilegais em ambas as margens da Albufeira da Caniçada e depois a auxiliar os inspetores da IGAMAOT na progressão pelos locais mais inóspitos do Gerês.
Um barco de fiscalização do Destacamento Territorial da GNR da Póvoa de Lanhoso, que inclui o concelho de Terras de Bouro, permitiu fazer trabalho exaustivo, com a Equipa de Proteção da Natureza e do Ambiente em Zonas Específicas (EPNAZE) a operar no Gerês.