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O avançado português Cristiano Ronaldo celebra esta quarta-feira 40 anos de vida, num percurso recheado de recordes e de troféus e no qual chegar aos 1.000 golos parece ser a derradeira meta da carreira.
“Sou o maior goleador da história do futebol. Mas vou subir a fasquia. Em breve, vou ter 900 golos e depois vou chegar aos 1000”, disse, em agosto, numa conversa com o ex-internacional inglês Rio Ferdinand.
Ronaldo tem já 927 golos (contando com seleção sub-20, sub-21 e olímpica) em 1.261 jogos, mantendo a esperança de chegar ao milhar de golos, o que seria mais um momento marcante da sua história, na qual tem, entre outros prémios individuais, cinco Bolas de Ouro.
“Eu não persigo os recordes, os recordes é que me perseguem a mim”, escreveu nas redes sociais em maio, depois de se ter tornado o melhor marcador de sempre numa só edição da Liga saudita, onde não tem sido feliz, uma vez que tem falhado a conquista de grandes títulos, à exceção da secundária Liga dos Campeões Árabes.
Mais de 30 títulos, só falta o de campeão do mundo
Com muitos recordes do futebol mundial na sua posse e mais de 30 títulos, a Ronaldo falta apenas levantar um grande troféu, o de campeão do mundo, pelo qual apenas poderá lutar em 2026, então já com 41 anos, algo que não descarta, embora seja “impossível responder”, e um feito que companheiros de seleção, como Bruno Fernandes ou João Félix, já assumiram que gostariam de ajudar a alcançar.
“Quero viver neste momento que é muito positivo. Daqui a três dias jogamos já contra uma excelente equipa e até 2026 haverá muita história no meio. Não sei o que vai acontecer”, disse, antes de um encontro com a Croácia, em setembro, para a Liga das Nações, quando admitiu que nunca lhe “passou pela cabeça” deixar a seleção depois de ter ficado em branco no Euro2024.
Na Alemanha, naquele que foi o seu sexto Europeu, algo que mais ninguém alcançou, Ronaldo ficou pela primeira vez a ‘zeros’ num torneio continental, depois de ter um recorde de 14 golos nas cinco presenças anteriores.
É mesmo na equipa das ‘quinas’ que o madeirense tem um dos seus mais marcantes registos, após tornar-se o melhor marcador de sempre de uma seleção masculina, uma marca que está agora nos 133 golos em 217 jogos (mais do que qualquer jogador alguma vez conseguiu), coroados com a conquista do Euro2016 e da Liga das Nações no ano seguinte.
Estreou-se com 17 anos
Formado no Sporting, Ronaldo transferiu-se jovem para o Manchester United, antes da milionária mudança para o Real Madrid, onde viveu os seus melhores anos, com uma passagem ainda com algum sucesso pela Juventus, antecedida por um regresso falhado aos ‘red devils’, que deixou para ser o impulsionador de uma onda de transferências para a Arábia Saudita.
Ainda com 17 anos, em 14 de agosto de 2002, o romeno László Bölöni lançou um então franzino Ronaldo num encontro da Liga dos Campeões frente ao Inter Milão, com o primeiro golo (e logo dois) a surgir ao sexto jogo, o terceiro a titular, frente ao Moreirense.
A primeira boa época e um particular no arranque da temporada 2003/04 frente ao Manchester United despertaram o interesse de Alex Ferguson, que não hesitou em levá-lo para Inglaterra por uns ‘míseros’ 15 milhões de euros.
Nos ‘red devils’ ganhou a sua primeira Liga dos Campeões, em 2007/08, frente ao Chelsea, num encontro em que marcou um golo, mas falhou uma das grandes penalidades no desempate.
Após seis temporadas no Manchester United, o Real Madrid decidiu bater o que era na altura o recorde de transferências, ao pagar 94 milhões de euros (a mudança para a Juventus seria mais cara em 2018), investimento que foi pago em campo pelo português, que se tornou no melhor marcador da história dos ‘merengues’, com 450 golos em 438 jogos.
Regresso amargo a Manchester
A vitória na Liga dos Campeões em 2017/18, a quarta pelo Real Madrid e a terceira consecutiva, marcou a despedida dos ‘blancos’, com ‘CR7’ a mudar-se para a Juventus, a troco de mais de 100 milhões de euros, conquistando em Turim duas Ligas, uma Taça e duas Supertaças, com um total de 101 golos em 134 jogos.
O aguardado regresso a Manchester foi amargo para Cristiano Ronaldo, que, mesmo com 27 golos em 54 encontros, divididos por uma época e meia, não voltou a ser feliz e acabou por sair em claro choque com o treinador neerlandês Erik ten Hag.
Os ‘red devils’ marcaram a despedida de Ronaldo da Europa, que deixou como melhor marcador (140 golos) e jogador com mais jogos (183) da história da Liga dos Campeões, prova que se tornou o primeiro a vencer por cinco vezes.
Cristiano Ronaldo acabou por se tornar a imagem e o impulsionador da milionária aposta da Arábia Saudita no futebol, também como forma de melhorar a imagem do país no exterior. A sua mudança para o Al Nassr abriu as portas a outros jogadores para uma liga que Ronaldo já várias vezes defendeu ser melhor do que algumas na Europa, como a portuguesa ou a francesa.
Quarentões de elite
Cristiano Ronaldo junta-se hoje a um lote pequeno de quarentões que continuam na elite dos respetivos desporto, como os pilotos Lewis Hamilton e Fernando Alonso ou o basquetebolista LeBron James.
O avançado português estreou-se como profissional, ainda com 17 anos, em 14 de agosto de 2002, e mais de 22 anos depois continua na elite, mesmo que disputando uma liga periférica, na Arábia Saudita.
Com mais de 920 golos na carreira e aproximar-se dos 1.300 jogos, o madeirense continua a ser decisivo no Al Nassr e a ser aposta na seleção portuguesa, na qual tem um recorde mundial de 135 golos em 217 jogos.
Contudo, a longevidade de Ronaldo não lhe deve permitir ‘imitar’ o também quarentão LeBron James, que conseguiu jogar ao lado do seu filho mais velho, já esta temporada, nos Los Angeles Lakers, na liga norte-americana de basquetebol (NBA), uma vez que Cristiano Ronaldo Jr., que joga nas camadas jovens do Al Nassr, tem apenas 14 anos.
Ronaldo ainda pode igualar a longevidade do seu amigo Pepe, que se retirou com 41 anos, após o Euro2024, no qual o central voltou a ser um dos jogadores em maior evidência, após uma temporada de altos e baixos ao serviço do FC Porto.
‘King’ James, 37 dias mais velho do que Ronaldo, está a cumprir a sua 22.ª temporada na NBA e apresenta uma média de pontos por jogo superior a 23 pontos, tendo já sido selecionado, mais uma vez, para o All-Star Game.
No basquetebol feminino, Diana Taurasi, uma das melhores de sempre, continua a jogar aos 42 anos e há menos de meio ano conquistou a sexta medalha de ouro consecutiva em Jogos Olímpicos, ao ajudar, mesmo com menos utilização, os Estados Unidos a chegar ao título em Paris2024.
Na Fórmula 1, há dois quarentões a ‘dar cartas’, com o britânico Lewis Hamilton, sete vezes campeão do mundo, ainda a manter a ambição de chegar ao oitavo título mundial, com uma mudança, aos 40 anos, da Mercedes para a Ferrari.
O espanhol Fernando Alonso continua a ser, mesmo aos 43 anos, um dos melhores pilotos da grelha do Mundial, justificando a aposta da Aston Martin de o manter ao volante de uns dos seus carros.
Em Portugal, o guarda-redes Humberto Gomes continua ao serviço do ABC Braga e chegou a representar Portugal no Mundial de andebol com 43, numa posição específica que permite maior longevidade, com o italiano Gianluigi Buffon a terminar a carreira no futebol aos 45.
Os Jogos Olímpicos Paris2024 marcaram a despedida de outro quarentão, o cubano Mijain Lopez, que, aos 42 anos, pousou as botas no chão para anunciar a sua retirada, depois de conquistar a quinta medalha de ouro na luta greco-romana.
No ciclismo, o espanhol Alejandro Valverde correu junto da elite até aos 42 anos, mas continua a juntar títulos na especialidade de ‘gravel’ com 44, enquanto a neerlandesa Annemiek van Vleuten deixou a bicicleta aos 41, em 2023, ano em que ainda ganhou o Giro e a Vuelta.
Mesmo com muitas lesões, o tenista suíço Roger Federer ‘estendeu’ a sua carreira até aos 41 anos, idade com que o futebolista Oscar Cardozo, que foi figura do Benfica, continua a marcar golos no Paraguai ou com que Aaron Rodgers continua a fazer passes para ‘touchdowns’ na liga norte-americana de futebol americano (NFL).
Rodgers, agora nos New York Jets, foi o jogador mais velho esta temporada na NFL, da qual Tom Brady, por muitos considerado o melhor de sempre da modalidade, se despediu aos 45 anos.
Mas o grande fenómeno de longevidade é o japonês Kazu Miura, que passou pela Oliveirense nas duas últimas temporadas, e que, aos 57 anos, continua a jogar futebol profissional, agora no Atlético Suzuka.