Os presidentes de câmara de Vila Nova de Famalicão e Esposende vieram hoje a público pedir mudanças no PSD de Rui Rio.
Paulo Cunha considerou que Rui Rio teve uma “derrota estrondosa” e que devia ter sido “humilde” na aceitação dos resultados de domingo, apontando Luis Montenegro como o futuro do partido.
Em declarações à Lusa, Paulo Cunha, o mais votado autarca do PSD em exercício, mostrou-se “surpreendido” com a reação do líder do partido dizendo que Rui Rio o que fez foi “encontrar bodes expiatórios” dentro e fora do partido para os resultados “muito maus” que os sociais-democratas tiveram nas urnas.
O autarca considerou ainda que Rui Rio “está fragilizado” e que devia “habituar-se à democracia”, tendo perdido “demasiada energia” com as críticas internas “aos sucessivos insucessos” da sua liderança.
“De facto, e à semelhança do que já fez nas europeias, onde endossou a Paulo Rangel uma culpa maior na responsabilidade pela derrota, ontem a única coisa que [Rui Rio] fez foi encontrar dentro e fora do partido bodes expiatórios para a derrota”, afirmou Paulo Cunha.
Para o autarca, a reação de Rio aos resultados do partido foi surpreendente: “A reação do presidente do partido surpreendeu-me, estava à espera de um presidente do partido humilde, que interpretasse o resultado como uma derrota e que a assumisse como sua, como sendo o principal responsável”, disse.
Paulo Cunha considerou que os resultados do PSD foram “muito maus” porque o “no PSD não se perde por muito ou por pouco, ou se perde, ou se ganha”.
“Ontem perdemos e a conclusão não pode ser outra que não seja essa. Perdemos e de forma estrondosa”, salientou, apontando baterias contra o presidente do partido.
Quanto ao futuro, Paulo Cunha apontou já um possível líder para os sociais-democratas.
“No congresso em fevereiro de 2018 houve um militante que se notou ao afirmar aquilo que pretenderia fazer num futuro próximo quando a circunstância se proporcionasse e que não pediria autorização, que foi o dr. Luis Montenegro”, lembrou.
“Acho que ele tem toda a legitimidade para se candidatar à presidência do PSD e ao longo de todo este percurso tem dado sinais claros de que está concentrado na construção de condições para que o PDS volte a ser protagonista em Portugal” concluiu.
Sobre se Rui Rio se deve recandidatar à liderança do PSD, Paulo Cunha afirmou que “ele é um homem livre e tem todo o direito de se recandidatar mas tem que ver que está fragilizado depois destas duas derrotas e da avaliação que faz das mesmas”.
“Na minha perceção ele não tem condições para voltar a liderar o partido”, considerou.
Autarca de Esposende pede diretas no PSD para “clarificar e unir”
O social-democrata Benjamim Pereira, presidente da Câmara de Esposende, defendeu hoje a rápida convocação de eleições diretas para a liderança do PSD, numa perspetiva de “clarificar para unir”.
Em declarações à Lusa, e numa reação aos resultados das Legislativas de domingo, Benjamim Pereira considerou ainda que o PSD “não pode continuar de derrota em derrota, até à derrota final”.
Para o autarca de Esposende, os resultados do PSD tanto nas Legislativas como nas Europeias foram “verdadeiramente maus”.
“Se a mensagem não passou nas Europeias nem nas Legislativas, vamos estar à espera de quê? De um descalabro nas Autárquicas? Em minha opinião, a solução passa por eleições diretas, e quanto mais depressa melhor”, acentuou.
O PS venceu as Legislativas de domingo com 36,65% dos votos, tendo o PSD obtido 27,90%.
Para Benjamim Pereira, que apoiou Santana Lopes nas últimas diretas do partido, a liderança de Rui Rio pecou, nomeadamente, por não ter feito “uma oposição mais feroz” ao Governo “logo desde o início”.
O autarca de Esposende disse ainda que Rio não conseguiu unir o partido e criticou-o por, durante a campanha, não ter tido “uma única palavra” de reconhecimento em relação ao trabalho “extraordinário” feito pelo seu antecessor, Pedro Passos Coelho, “num dos períodos mais difíceis da nossa democracia”.
“Essa palavra teria sido, certamente, uma enorme mais-valia para unir o partido”, referiu.
Por isso, Benjamim Pereira defende que é preciso “questionar a liderança”, dando a palavra aos militantes.
“É necessário clarificar, mas clarificar para unir e não para dividir, porque dividido já o partido está”, disse ainda.
Sublinhou serem necessárias “novas ideias e nova forma de fazer oposição”, porque, a continuar no mesmo registo, o PSD “estará a caminho de colecionar uma nova derrota”.
“E nós, no PSD, não estamos habituados a perder, muito menos desta forma”, rematou.