As crianças que tenham de ser operadas no hospital de Viana do Castelo vão passar a conduzir um carro elétrico até ao bloco cirúrgico, acompanhadas pelos pais, para “minimizar o impacto emocional” da intervenção, foi hoje divulgado.
“As crianças têm muito medo da anestesia, das agulhas, dos médicos. Queremos desmistificar o medo do desconhecido, utilizando estratégias já reconhecidas como úteis. É essa a função dos carros elétricos e de um livro do urso Giga, desconstruir a ideia de que a operação é um monstro, mas as crianças não precisam de ter medo porque estamos todos para ajudar”, disse hoje a anestesista Filipa Pedrosa.
Contactada pela agência Lusa, a propósito de uma nota da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) hoje enviada às redações, Filipa Pedrosa explicou que “em vez de serem transportadas numa maca, as crianças vão conduzir os carros elétricos, sempre acompanhados pelos pais, ao bloco operatório e até à sala de operações”.
No bloco operatório, “o circuito do doente pediátrico prevê que um dos pais acompanhe a criança desde a sua chegada até à sala do bloco operatório e, depois da cirurgia, permaneça com a criança no recobro”.
Neste circuito “é importante sensibilizar a equipa multidisciplinar e os pais para a importância das estratégias de distração como meio para redução da ansiedade da criança”.
“Uma das principais preocupações das crianças é o medo da separação dos pais. São entregues a pessoas desconhecidas. Os carros elétricos são uma estratégia de distração desse momento de separação e [para] ajudá-los a ter uma experiência positiva quando vão entrar no bloco operatório. Vão acompanhados pelos pais, numa brincadeira e não como um momento quase solene. Se para um adulto é uma situação que causa nervosismo e ansiedade, para uma criança muito mais”, explicou Filipa Pedrosa.
Após a cirurgia, “os pais podem estar com a criança na sala de recuperação da anestesia, outra estratégia de redução do medo e da ansiedade”.
Além dos carros elétricos, oferecidos ao hospital de Santa Luzia por uma empresa, as crianças admitidas para cirurgia vão receber ainda um livro, cuja personagem é um urso gigante. A história “Depois de uma operação o Giga tem uma missão” foi criada pela anestesista Joana Guimarães, autora dos desenhos e grafismos que ilustram o livro.
O Giga “é um urso gigante que foi operado e que conta a sua experiência aos meninos para que não tenham medo porque tudo correu muito bem”.
“O livro é uma preparação para a cirurgia. A história deve ser contada pelos pais para que quando a criança chegar ao bloco operatório já conheça a realidade do bloco. O principal motivo de ansiedade numa criança é o medo do desconhecido”, sublinhou Filipa Pedrosa.
O lançamento do livro e a entrega dos dois carros elétricos acontecem no dia 01 de junho, no auditório da ULSAM, no hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, para assinalar o Dia Mundial da Criança.
O projeto de melhoria da qualidade e segurança dos cuidados prestados ao doente pediátrico proposto para cirurgia no bloco operatório central da ULSAM começou em janeiro.
O projeto “Qualidade e Segurança em Anestesia Pediátrica” do bloco operatório central da ULSAM “visa associar o conhecimento científico e técnica na área de anestesia do doente pediátrico a estratégias que promovam uma melhoria da qualidade e da segurança nos cuidados em todas as fases perioperatório”.
A ULSAM é constituída por dois hospitais: o de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e o Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima.
Integra ainda 12 centros de saúde, uma unidade de saúde pública e duas de convalescença, e serve uma população residente de 231.488 habitantes nos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo e algumas populações vizinhas do distrito de Braga.