Criadores de galgos dizem que polémica em torno das corridas “não passa de populismo barato”

Intenção de alguns partidos políticos em proibir a realização de corridas com estes animais
Foto: DR

Os criadores de galgos consideram que a intenção de alguns partidos políticos em proibir a realização de corridas com estes animais “não passa de populismo barato”, rejeitando as acusações de maus tratos aos cães.

“É uma questão política, porque partidos como o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) ou o Bloco de Esquerda criaram um movimento contra esta atividade, mas sem conhecimento de causa. Não passa de um populismo barato”, afirmou à Lusa Vítor Costa, vice-presidente da Associação Galgueira e Lebreira do Norte.

O dirigente garantiu que todos os criadores registados na associação, e que participam nas provas, “têm o máximo de cuidado com o bem-estar dos animais”, lembrando que esta é uma atividade que está “devidamente regulamentada”.

“A associação é inflexível nas regras de tratamento destes cães. Todos têm documentos a comprovar o seu bom estado de saúde. Só pode participar quem tiver as devidas licenças. As regras são rígidas e as autoridades são envolvidas neste processo. Todas as provas são devidamente licenciadas”, garantiu Vítor Costa.

Quanto à alegada existência de apostas ilegais em torno das corridas, o líder associativo também respondeu negativamente.

“Da parte dos criadores não acontece. Isto é uma atividade lúdica, que se desenvolve por carolice, com pessoas que não têm fundo de maneio para se envolverem nessas coisas”, vincou Vítor Costa, que supervisionou a corrida que hoje aconteceu na freguesia de Estela, na Póvoa de Varzim, no distrito do Porto.

A vontade dos criadores de galgos desmistificarem a polémica em torno da realização deste tipo de eventos foi presenciada no local pela agência Lusa, com vários a lembrarem que “corridas como esta, devidamente tuteladas e supervisionadas, podem ser presenciadas por toda gente”.

“Qualquer um pode vir cá ver a forma como tratamos estes animais. E se, ainda assim, o PAN e o BE continuarem e mentir e dizerem que estes animais têm uma vida de sofrimentos, convido-os, desde já, a virem a minha casa e ver a forma como cuido dos meus galgos”, desafiou Susana Martins, criadora desta raça.

Apaixonada por estes animais há vários anos, Susana garantiu que os seus cães “são diariamente acarinhados, bem alimentados e com condições de acomodação muito especiais”, vincando que “nunca são abandonados”.

“Mesmo quando já não têm condições para correr, ficam connosco até ao fim da sua vida, e sempre muito mimados com tudo do melhor. São animais que, por instinto, gostam de correr, é genético, não são forçados a fazer. Sinto, até, que se não o fizessem seriam infelizes”, apontou a criadora.

Para Susana Martins, toda polémica que se instalou recentemente “é um questão política de pequenos partidos que se querem impor e dar nas vistas, mas sem fazer o trabalho de casa”, considerando que se está a chegar a “extremismos”.

“Qualquer dia vão querer proibir que a minha filha possa brincar com o cão e atirar-lhe uma bola para ele apanhar?”, ironizou.

A acusação de maus tratos a estes animais é o que mais tem revoltado os criadores de galgos, e António Ressurreição, que há quase 50 anos está no meio, garante que são os próprios criadores a “supervisionarem-se mutuamente”.

“Há como se fosse um código de honra que não nos permite compactuar ou estar indiferente aos maus tratos animais. Em tantos anos que levo disso nunca vi um ‘galgueiro’ fazer mal a um cão. Fala-se muito deste tema, mas sem conhecimento”, afirmou António Ressurreição.

Embora não estando, atualmente, ligado à atividade de criador, que passou para outra geração da família, António, de 70 anos, ganhou o gosto pelos galgos através do seu pai, lembrando que, em Portugal, esta é uma atividade feita “meramente por prazer e pela paixão por estes animais”, deixando um desafio aos mais céticos.

“Tenho a certeza que os criadores são os maiores interessados em mostrar o gosto que têm por estes animais. E se os que têm dúvidas tiverem a inteligência de vir ao terreno e, até de surpresa, aparecer nas corridas ou em casa dos criadores, as portas estarão certamente abertas”, reiterou António Ressurreição.

 
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