Criada comissão para o centenário de Santos Simões, ilustre personalidade de Guimarães

Cultura

Representantes do Município de Guimarães, da família de Santos Simões e de dezassete instituições de Guimarães, acompanhados por seis individualidades, assinaram na manhã de sábado, na Plataforma das Artes e da Criatividade, o documento que formaliza a constituição da Comissão Organizadora da Comemoração do Centenário do Nascimento de Joaquim Santos Simões, figura singular da cultura vimaranense que nasceu no dia 12 de agosto de 1923, na vila do Espinhal, em Penela, constituição que foi aprovada pelos Executivo Municipal em 27 de outubro de 2022.

Nas intervenções protocolares, Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal de Guimarães, destacou a importância de Joaquim Santos Simões na vida cívica e cultural de Guimarães, bem como a coragem e os fortes princípios democráticos que fizeram da sua vida uma vida de luta pela liberdade, justiça e solidariedade. “Ilustre personalidade” foi o primeiro qualificativo usado por Domingos Bragança na sua comunicação, que seguiu um tom laudatório compatível com a atividade exercida pelo homenageado. “Santos Simões destacou-se muito na sua atividade associativa, cultural e cívica. Muito do prestígio de várias associações de Guimarães a ele se deve”, disse o edil, recordando a Medalha de Ouro da Cidade que o Município de Guimarães lhe atribuiu, em 1991, e o Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique atribuído pela Presidência da República, em 1996.

Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura, destacou o homem, e o seu trabalho. Mas, mais do que isso, a “ideia” que deixa Santos Simões, e que Guimarães deve aproveitar para se reinventar na resposta aos desafios de hoje. “É impossível pensar em Guimarães, que é Património Cultural da Humanidade e foi Capital Europeia da Cultura, sem pensar em Santos Simões”, frisou. O vereador da Cultura disse que durante o ano será realizado um conjunto de eventos que prestará a devida homenagem a alguém que trabalhou para que Guimarães, independentemente da vontade política, pudesse afirmar-se como “Cidade de Cultura”.

Isabel dos Santos Simões, agradeceu a todos os que aceitaram pertencer à Comissão Organizadora da Comemoração do Centenário, e destacou o caráter humano, solidário, ético e corajoso de seu pai. A finalizar a sua emocionada intervenção, Isabel dos Santos Simões leu uma mensagem que seu pai deixou aos netos, que termina com a frase: “se não puderem ser solidários, sejam pelo menos humanos”.

Biografia 

Joaquim António dos Santos Simões nasceu na Vila do Espinhal (Penela) em 1923, tendo concluído as suas licenciaturas em Ciências Matemáticas e de Engenheiro Geógrafo na Universidade de Coimbra, em 1951.

Desde cedo se dedicou às atividades associativas e culturais, tendo sido dirigente da Associação Académica de Coimbra (presidente em 1950/51) e integrado o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, de que também foi presidente e encenador.

Em 1957 vem para Guimarães, ensinar Matemática na Escola Comercial e Industrial, sendo em 1961 demitido da função pública, por razões de ordem política. Passa então a ser professor do ensino particular.

O associativismo e uma intensa atividade cultural, para além da intervenção cívica, tornam-no uma figura de referência em Guimarães e no Minho.
Entre 1958 e 1974 está na génese da criação do Teatro de Ensaio Raul Brandão e do Cine-Clube de Guimarães, organiza os Festivais Gil Vicente, é presidente da Sociedade Musical de Guimarães, participa nas comissões organizadoras de diversas comemorações (Lope de Vega, Shakespeare, Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Abel Salazar), etc.

Colabora com o Círculo de Arte e Recreio para a instalação da Biblioteca Fixa de Fundação Gulbenkian, que ajuda a dinamizar.

Organiza os Encontros dos Suplementos e Páginas Culturais de Jornais e os Jogos Florais Minhoto-Galaicos.

Participa nos Encontros da Oposição Democrática e na discussão do “Projecto de Reforma do Ensino”, de Veiga Simão, escrevendo vários estudos sobre o tema.

Após o 25 de Abril de 1974 é reintegrado no ensino oficial, sendo nomeado membro da Comissão Instaladora da Universidade do Minho em 17 de Fevereiro de 1975, função que desempenhará até à sua extinção, em 1981.

Entre 1978 e 1981 foi presidente dos Conselhos de Gestão da Biblioteca Pública e do Arquivo Distrital de Braga. Em 1982, por convite do Reitor, foi nomeado membro do Conselho Cultural da Universidade do Minho e em 1985 passou a integrar o Senado da Universidade.

Como professor, foi destacado para a Escola do Magistério Primário de Guimarães (1976), tendo sido eleito seu diretor, cargo de que foi preterido por decisão do então titular do Ministério da Educação (1979). Em 1984/85 foi presidente do Conselho Diretivo da Escola Secundária Francisco de Holanda, tendo-se aposentado em 1992.

Durante todo este período continuou a desenvolver uma intensa atividade cultural, de que se destaca a eleição para a presidência da Sociedade Martins Sarmento (1990), à qual devolveu todo o prestígio de que hoje a SMS usufrui, mercê de inúmeras iniciativas promovidas, de entre as quais se destaca a atividade editorial e a revitalização da “Revista de Guimarães”, a comemoração de efemérides, a realização de congressos, ciclos de conferências e exposições e a intransigente defesa do seu património cultural.

Toda esta atividade mereceu a consagração pública, através da concessão da Medalha de Ouro da Cidade de Guimarães (1991), sendo também agraciado pela Presidência da República com o Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique (1996).

Santos Simões é ainda autor de uma vasta bibliografia, quer no âmbito da literatura (conto, poesia, teatro, literatura para a infância), quer no da história, nomeadamente das instituições culturais vimaranenses. É também autor de estudos na área do ensino, tendo no corrente ano publicado “Braga, grito de liberdade” (edição do Governo Civil de Braga). Colabora regularmente na imprensa local (desde o “Diário de Coimbra” até ao “Povo de Guimarães”, de que foi fundador) sendo coordenador do suplemento cultural do “Notícias de Guimarães” e diretor da “Revista de Guimarães”.

 
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