Criação de centro de energia das ondas em Viana do Castelo em consulta pública

Diário da República
Porto de Viana do Castelo. Foto: DR

A administração do porto de Viana do Castelo iniciou discussão pública da utilização privativa da infraestrutura para a instalação de um centro de produção de energia das ondas, de acordo com o edital publicado hoje em Diário da República.

Em causa está um investimento de 16 milhões de euros da tecnológica CorPower Ocean na criação de um centro de Investigação e Desenvolvimento (I&D) naquele porto de mar, para desenvolver conversores de energia das ondas.

Segundo o edital publicado em Diário a República, a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) iniciou o período de consulta pública da “atribuição de título de utilização privativa do Domínio Público Hídrico (DPH) para instalação de um hangar amovível, com vista à produção de peças em compósito para conversores de energia das ondas”.

Os interessados dispõem de 30 dias úteis para “apresentar objeções” à atribuição daquele título.

No início do mês, em comunicado enviado à Lusa, a APDL explicou que a “fábrica de produção, montagem, manutenção e reparação de conversores de energia das ondas” vai ficar instalada no porto de mar, pelo menos até ao ano de 2024, estando a expansão para instalações definitivas, em Viana do Castelo, planeada para o final do projeto de demonstração a instalar ao largo da praia da Aguçadoura, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto”.

“A tecnologia desenvolvida pela CorPower diferencia-se das demais por obter cinco vezes mais energia por tonelada de dispositivo e por possuir um modo de sobrevivência único, que oferece robustez nas mais exigentes condições marítimas, entre outras inovações que se afiguram disruptivas face à tecnologia existente”, explica na nota a APDL.

Segundo a APDL, “o porto de Viana do Castelo permite o estabelecimento de uma base de operações com características únicas, onde se poderão desenvolver todas as atividades afetas às fases finais de validação da tecnologia proposta pela CorPower”.

O projeto, considerado “pioneiro” e com a designação HiWave-5, “é apoiado por investidores privados e públicos europeus, designadamente o Equity Funding, Swedish Energy Agency, Portugal Compete 2020, e EU Grants e está em linha com o plano do Governo para o desenvolvimento da energia renovável do país, um setor que poderá gerar 254 milhões de euros em investimentos, 280 milhões de euros em valor bruto acrescentado e criar 1500 novos postos de trabalho”, indica.

A CorPower, empresa líder em tecnologia de energia das ondas, justificou a escolha de Viana do Castelo para a instalação do centro I&D “com um sólido conjunto de engenheiros de setores como eólicas marítimas, fabrico de compósitos e estaleiros navais, universidades de alto nível e infraestrutura industrial, incluindo portos e ligação à rede”.

Segundo a nota enviada à Lusa, “o trabalho da CorPower Ocean complementa a estratégia industrial portuguesa para as energias renováveis oceânicas, concebida para criar um ‘cluster’ de exportação industrial competitivo e inovador para as energias renováveis oceânicas”.

“Recentemente, a operadora de rede REN instalou um novo cabo ‘offshore’ ao serviço de eólicas flutuantes e existe um interesse comercial significativo por parte de empresas de serviços públicos e promotores de projetos para o desenvolvimento do projeto de ondas da próxima geração”, acrescenta.

Em causa está o Windfloat Atlantic(WFA), um projeto de uma central eólica ‘offshore’ (no mar), em Viana do Castelo, orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.

Segundo a EDP, aquele parque eólico flutuante, o primeiro da Europa, situado 20 quilómetros ao largo de Viana do Castelo, já começou a gerar energia e vai abastecer, por ano, cerca de 60 mil consumidores, poupando quase 1,1 milhões de toneladas de CO2.

Para a CorPower Ocean, “a energia das ondas pode desempenhar um papel fundamental na transição de Portugal para um país 100% de energia renovável, oferecendo uma plataforma para impulsionar as exportações portuguesas e as oportunidades de investimento a longo prazo para as cadeias de abastecimento locais”.

 
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