Criação da Área Metropolitana do Minho divide autarcas

E a CDU pede a regionalização
Foto: DR / Arquivo

De um lado dois autarcas do PSD, do outro um do PS. A eventual criação de uma Área Metropolitana do Minho divide os autarcas que já se pronunciaram publicamente sobre o assunto. Os de Braga e Barcelos são a favor, o de Guimarães é contra. Já o PCP diz que só a regionalização poderá ser realmente ser o motor do desenvolvimento regional.

Ainda que não seja uma ideia nova, a criação de uma Área Metropolitana do Minho surgiu com mais força há duas semanas aquando da assinatura de um memorando de entendimento entre as comunidades intermunicipais (CIM) do Cávado e Ave.

Ricardo Rio (PSD), presidente da Câmara de Braga e da CIM do Cávado, declarou aos jornalistas, na ocasião, que aquele memorando era mais um “passo” para chegar à área metropolitana.

“Naturalmente que essa área metropolitana tem de fazer sentido também do ponto de vista operacional, não apenas do ponto de vista conceptual, e cada passo destes é um caminho para lá chegar”, afirmou.

Ricardo Rio disse que não fazem sentido as “assimetrias em termos de distribuição de recursos” entre o Minho e das duas áreas metropolitanas do país.

Presente na cerimónia, o ministro da Coesão, Manuel Castro Almeida, “apontou” também o caminho da área metropolitana para a região.

“Acho que [pelo] dinamismo, a atividade que se vê nesta zona, eu diria que o Cávado está a caminho de ser uma área metropolitana, está a percorrer o percurso de uma área metropolitana”, referiu.

“Até outubro não assinarei coisíssima nenhuma nesse sentido”

Pouco mais de uma semana depois, o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança (PS), mostrou-se frontalmente contra a criação da Área Metropolitana do Minho, resultante da fusão entre as CIM do Cávado e do Ave.

Questionado pelo vereador do PSD, Ricardo Araújo, para pronunciar-se sobre o “impacto futuro” do memorando de entendimento celebrado entre as duas CIM, Domingos Bragança respondeu: “O Sr. Ministro só não avançou para a Área Metropolitana do Cávado e do Ave porque não teve o meu assentimento”.

Citado pelo Grupo Santiago, o autarca mostra-se convencido que o que muda com a Área Metropolitana relativamente às Comunidades Intermunicipais “é centrar numa cidade o desenvolvimento do território”.

“É esse o meu entendimento, pode haver quem tenha entendimentos diferentes. Não sou geógrafo. Estou aqui na qualidade de presidente da Câmara e da CIM do Ave. Assinámos um memorando de entendimento, mais nada. No documento não aparece a palavra ‘Área Metropolitana'”, acrescentou.

E deixou uma garantia: “Se os candidatos apresentarem a criação de uma Área Metropolitana que obrigatoriamente ficará centrada em Braga, não tenho de ficar aborrecido. Estou bem comigo porque tornei pública o meu entendimento e a minha leitura. Se querem devolver toda a centralidade Braga com a criação da Área Metropolitana, façam o favor. E têm toda a legitimidade os candidatos. E eu não tenho de ficar aborrecido. Agora, os vimaranenses sabem exatamente a minha interpretação política e até outubro não assinarei coisíssima nenhuma nesse sentido”.

Barcelos também quer Área Metropolitana

Entretanto, o presidente da Câmara de Barcelos, Mário Constantino Lopes (eleito por uma coligação liderada pelo PSD com o CDS e um movimento independente), veio colocar-se ao lado de Ricardo Rio.

Como O MINHO noticiou, o autarca barcelense considera que o ganho de escala que uma Área Metropolitana aportaria à região permitiria maior capacidade de atração de investimento e mais capacidade negocial.

Mário Constantino Lopes sustenta a sua posição com os números das exportações, dos projetos do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) aprovados, com a capacidade de inovação existente, com os politécnicos e universidades localizados nas atuais três Comunidades Intermunicipais, o autarca barcelense assegurou fazer todo o sentido criar uma Área Metropolitana na região, capaz de potenciar uma estratégia comum, ter mais poder negocial e reivindicativo e daí conseguir maior progresso, desenvolvimento e coesão social e territorial.

PCP pede regionalização

Por seu turno, a CDU de Braga desafiou os autarcas das CIM do Cávado e do Ave e o Governo PSD/CDS a pararem de “atirar areia para os olhos” das populações da região de Braga e a “cumprirem as suas responsabilidades de resolver os problemas existentes, empenhando-se na concretização da regionalização e na defesa e valorização do poder local democrático”.

Em conferência de imprensa, onde participaram João Baptista, membro da Assembleia Municipal de Braga e da Assembleia da CIM do Cávado, Mariana Silva, da Comissão Executiva do Partido Ecologista Os Verdes, e Vítor Rodrigues, vereador da Câmara de Braga, a CDU refere que “nenhuma autarquia foi ouvida antes do anúncio da alegada intenção de criação da nova Área Metropolitana nem existe nada de concreto nesse sentido, confirmando que tal não passa de um ‘fait diver’ para fugir ao incumprimento das suas responsabilidades”.

Foto: CDU

“As declarações públicas de Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, feitas na última reunião do Executivo Municipal, nas quais se distancia desse objetivo, apenas vêm confirmar a falta de seriedade e consistência do anúncio”, aponta a coligação PCP/PEV.

Por isso, “a CDU questiona a consistência da possível solução, que apenas serve para ocupar espaço mediático enquanto PSD, CDS e PS não ganham coragem para a concretização da Regionalização, não podemos é continuar a permitir que se andem a fazer anúncios de soluções que não são da concordância de todos os envolvidos e que não se apresentam como solução para a defesa das populações e do desenvolvimento da região”.

E conclui: “Não há alteração da configuração das comunidades inter-municipais e ou das áreas metropolitanas que substitua a necessidade imperativa de concretização da regionalização”.

 
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