A CP – Comboios de Portugal encomendou à consultora Trenmo um estudo de procura para o Grande Porto em cenários de modernização das linhas de Leixões, do Vouga e do Tâmega, consultou hoje a Lusa.
No caso da Linha do Tâmega, o estudo vai contemplar apenas a reabertura até Amarante, deixando de fora os concelhos de Celorico e Cabeceiras de Basto, atravessados por esta linha a norte daquele concelho do distrito do Porto. A via continua aberta, contudo convertida em ecopista.
Nesta análise, a CP pretende também saber qual o “cenário de oferta para a linha [de] Amarante [linha do Tâmega, encerrada desde 2009], após realização de obras de requalificação para disponibilização do serviço urbano”.
Além de fazer parte da Linha do Tâmega, Amarante fica também numa das pontas de uma possível extensão da eventual futura Linha do Vale do Sousa (Valongo – Felgueiras), cujo estudo de viabilidade já foi adjudicado pela Infraestruturas de Portugal (IP) em 2024.
De acordo com o caderno de encargos do concurso, lançado com vista a uma candidatura a fundos europeus para financiar a aquisição de 62 automotoras de serviço urbano (integradas nas 117 já encomendadas), a CP pretende um estudo de procura relativo aos serviços urbanos do Porto, dentro e fora da sua Área Metropolitana.
Em causa estão “três cenários de oferta na linha de Leixões com a extensão do serviço urbano proveniente de Aveiro e Famalicão ou Penafiel”, que “serão diferenciados em termos de percurso, frequência e lei de paragens”.
A Linha de Leixões, circular ferroviária do Porto, reabriu a passageiros em 09 de fevereiro entre Porto Campanhã e Leça do Balio, incluindo com comboios vindos de Ovar, ficando a faltar o trajeto até Leixões e o troço entre Ermesinde e São Gemil.
Nos primeiros 10 dias de operação, o serviço captou quase 18 mil passageiros, dos quais uma média de 2.200 nos dias úteis, segundo dados da CP.
A CP encomendou também estudos de procura com base num “cenário de oferta na linha de Leixões com a duplicação da linha de Leixões e extensão do serviço até Leixões”, conjuntamente com “a criação de estações intermodais em Custió-Araújo, Guifões-Esposade e Leixões”, com a respetiva ligação ao Metro do Porto.
Em 06 de fevereiro, o vice-presidente da Câmara de Matosinhos, Carlos Mouta, revelou que a autarquia está a estudar a construção “nos próximos anos” de um terminal intermodal junto ao porto de Leixões, que una comboio, metro, metrobus, autocarros e expressos.
Também o presidente da IP, Miguel Cruz, referiu em 19 de fevereiro que “o sucesso comercial” da Linha de Leixões “justifica que o trabalho continue” até Leixões, garantindo que “haverá, assim que possível, novidades” sobre a extensão, algo também pedido pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.
A CP pretende ainda estudar um “cenário de oferta com a integração do troço Espinho/Pinheiro da Bemposta (Oliveira de Azeméis) da linha do Vouga no serviço urbano do Porto após criação da nova estação terminal e interface na estação de Espinho (linha do Norte)”.
Em 12 de fevereiro, o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, confirmou no parlamento que o Governo mandou estudar a mudança de bitola do troço norte da Linha do Vouga com vista a poder ligá-la à Linha do Norte.
Em dezembro, ao Movimento Cívico pela Linha do Vouga a IP já tinha admitido o cenário de mudança de bitola em parte da Linha do Vouga e serviços diretos entre Oliveira de Azeméis (Aveiro) e Porto – Campanhã.
No âmbito do estudo encomendado pela CP, serão ainda abordados “dois cenários de oferta urbana para as linhas do Minho e Douro após quadruplicação do percurso Ermesinde/Contumil” (cujo concurso público para a empreitada já foi lançado), diferenciados “em termos de tempos de percurso, frequência e lei de paragens”, bem como a “integração do troço Barcelos/Nine da linha do Minho no serviço urbano do Porto”.
“Com a elaboração destes estudos pretende-se avaliar a procura potencial de passageiros nas duas redes urbanas num horizonte de 30 anos, de acordo com cenários de evolução socioeconómica e de infraestruturas e da oferta de serviços ferroviários”, pode ler-se nos documentos associados.