Em 2013, a Câmara de Guimarães aprovou a candidatura da zona de Couros a Património da Humanidade. Pretendia-se juntar esta zona ao Centro Histórico, classificado pela UNESCO, em 2001. Passados sete anos sobre a proclamação desta vontade, ainda não se ultrapassou a primeira etapa, o reconhecimento como Monumento Nacional.
A autarquia, pela voz do vereador Seara de Sá, afirma que “já fez o que lhe competia” e lamenta a falta de celeridade de outras instituições. O vereador do urbanismo alega que a Câmara enviou toda a documentação para a Direção-Regional de Cultura do Norte, em 2018, solicitado um pedido de esclarecimentos. Na altura, de acordo com Seara de Sá, a resposta foi a de que “a situação estava em análise.”
O vereador do PSD, Ricardo Araújo, tem sido particularmente ativo no acompanhamento deste processo. “Vemos com alguma preocupação o atraso, independentemente das dificuldades administrativas, burocráticas que vão surgindo, porque é importante que haja uma determinação política consistente para fazer face ao desafio que é unânime no executivo municipal vimaranense”, declarava o vereador social-democrata, em abril de 2019, perante a falta de avanços.
Para que possa candidatar-se à classificação pela UNESCO como Património da Humanidade, Couros terá primeiro de ser reconhecida como Monumento Nacional. É a conclusão deste processo que se aguarda deste 2013, para que a se possa avançar com um projeto que reúne a unanimidade entre a vereação da Câmara vimaranense.
Na última reunião de Câmara, na segunda-feira, dia 11 de janeiro, o vereador Ricardo Araújo, voltou a levantar a questão. Ficou a saber-se que a Câmara aguarda, ainda, uma decisão da Direção-Geral do Património Cultural para a classificação daquela área como Monumento Nacional. “Se do ponto de vista técnico está tudo feito pela autarquia e se as instituições nacionais com competência nesta área não estão a corresponder, é necessária uma intervenção política do presidente da Câmara junto do poder central. É importante que isto continue como prioridade política da autarquia”, conclui o vereador Ricardo Araújo.
Na sequência destes últimos desenvolvimentos, também os deputados do PSD, eleitos pelo círculo de Braga, decidiram questionar a ministra da Cultura. Os sociais democratas querem saber quando foi rececionado no Ministério da Cultura o pedido da Câmara Municipal de Guimarães com vista à classificação da designada zona de Couros a Património Nacional e a razão do atraso na avaliação da decisão.
A zona de Couros guarda sinais de uma antiga indústria vimaranense, a manufatura de peles. A zona extramuros de Couros, já na Idade Média, era conhecida por esta atividade. Ainda hoje é possível, num simples passeio a pé encontrar os vestígios desta antiga atividade, os tanques de curtimenta, junto à ribeira de Couros.
Os rendimentos gerados por esta atividade terão contribuído para o desenvolvimento de outras indústrias, como o calçado e para a projeção económica de Guimarães.
A partir da década de 60 do século XX esta indústria entrou em declínio na zona de Couros, acompanhando a evolução da conjuntura económica internacional. A insalubridade dos processos produtivos, o atraso tecnológico e a transferência dos investimentos para a indústria têxtil, levaram ao progressivo desaparecimento desta atividade.
A última fábrica de curtumes, nesta zona que se pretende ver classificada, encerrou em 2005.