O deputado da IL João Cotrim Figueiredo despediu-se hoje do parlamento com críticas à “arrogância e prepotência” do PS na sua relação com os cidadãos, defendendo que o “dinheiro não é do Estado, o dinheiro é das pessoas”.
“Cada euro em investimentos sem retorno, em despesas sem controlo, em projetos sem avaliação ou em favores sem vergonha é um euro que é retirado às pessoas que trabalharam para o ganhar”, disse Cotrim Figueiredo na abertura de uma interpelação marcada pela IL sobre “Estado e Empresas. O Papel do Estado e o Respeito pelo Contribuinte”.
Repetindo por diversas vezes que “o dinheiro não é do Estado, o dinheiro é das pessoas”, o antigo líder liberal criticou o PS pela “arrogância e prepotência na sua relação com os cidadãos”, considerando que o final da legislatura deve relançar o debate sobre os “motivos pelos quais Portugal é incapaz de crescer económica e socialmente de forma sustentada”.
Na opinião de Cotrim Figueiredo, ao contrário do que devia acontecer, todos os dias é evidente “a convicção de que o dinheiro é do Estado”, que “não presta conta das suas decisões” nem da qualidade das mesmas.
O deputado liberal aproveitou esta última vez que se dirigiu ao plenário para fazer uma despedida emocionada do parlamento, afirmando que aprendeu “muito e com muita gente” e que recebeu “muita ajuda e de muita gente” e deixando o seu “muito obrigado e as desculpas a quem ofendeu ou irritou.
“Foi uma honra partilhar este pedacinho de caminho com todos vós, até sempre”, disse, recebendo palmas não só da sua bancada como da do PS e do PSD.
Na intervenção pelo Governo, o secretário de Estado do Tesouro, Pedro Sousa Rodrigues referiu que “em termos globais, as empresas pública têm vindo a evidenciar e a consolidar um desempenho económico-financeiro positivo, cumprindo importantes e relevantes funções sociais”.
“Estes resultados foram alcançados dentro do desenvolvimento de uma política de contas certas e de redução sustentada da dívida pública”, defendeu.
O PS, pelos deputados António Pedro Faria e Vera Braz, acusou a direita de querer “privatizar, privatizar, privatizar” as empresas públicas e salientou que “o bem-estar económico e social dos portugueses não é um negócio”.
O deputado socialista Ivan Gonçalves considerou “chocante a opção da direita pelas privatizações” e a forma como as fez, afirmando que “perde o Estado e perdem os portugueses”.
Antes, o deputado do PSD Duarte Pacheco considerou “chocante como o PS lida” com o dinheiro dos contribuintes, comparando ao jogo Monopólio, e acusou o PS de contribuir para a “decadência dos serviços públicos e esbanjar dinheiro em empresas”.
“Quando o PS compra, é Portugal inteiro a pagar”, afirmou Carlos Eduardo Reis, do PSD, recorrendo ao ‘slogan’ do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, “Portugal inteiro”.
Pelo Chega, o deputado Bruno Nunes acusou o Governo de “falta de respeito para com os contribuintes”.
Pelo PCP, Bruno Dias atirou à direita, apelidando de “escândalo nacional” a privatização de empresas com a ANA e os CTT, mas acusou o atual Governo do PS de fazer uma “autêntica declaração de falência” e de “desistência da defesa do interesse público”.
A deputada Isabel Pires, do BE, acusou a direita de “desrespeitar o país e os contribuintes” com as privatizações feitas enquanto Governo e acusou o PS de ter sido “cúmplice porque não recuou nem reverteu nenhuma delas”.
“A direta tem a febre da privatização, o PS mantém tudo na mesma”, criticou.
No encerramento do debate – no qual a deputada e antiga candidata à liderança da IL Carla Castro também se despediu já que não voltará a integrar as listas do partido às legislativas -, o presidente liberal, Rui Rocha, afirmou que “se grão a grão enche a galinha o papo, então boy a boy, girl a girl enche o socialismo o seu”, uma intervenção que gerou vários apartes da bancada socialista.
Depois de elencar muitos nomes ligados ao PS, Rui Rocha ironizou dizendo que “podia estar até 10 de março e ainda teria boys e girls do PS para enumerar”, considerando que Pedro Nuno Santos já teve a sua oportunidade, mas “falhou e agora é a vez de outros tratarem do futuro do Portugal”.