O primeiro-ministro afirmou hoje que Maria do Céu Antunes tem condições para desempenhar as funções de ministra da Agricultura e que a secretária de Estado Carla Alves entendeu apresentar a sua demissão “e o caso está encerrado”.
António Costa falava aos jornalistas após mais uma inauguração no âmbito do “PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) em Movimento” sobre respostas sociais em Braga.
Interrogado se a ministra da Agricultura tem condições para continuar nas suas funções, após a demissão da sua secretária de Estado, Carla Alves, cerca de 26 horas após ter sido empossada nesse lugar, o primeiro-ministro respondeu com um “sim”.
Questionado se o Presidente da República contribuiu para a instabilidade política ao afirmar que a secretária de Estado demissionária da Agricultura, Carla Alves, estava diminuída do ponto de vista político, António Costa contrapôs que “o primeiro-ministro não comenta as palavras” do chefe de Estado.
“O Presidente da República é o Presidente da República, é eleito por todo os portugueses e, portanto, exprime aquilo que bem entende”, alegou.
António Costa afirmou depois que “a avaliação política do Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] é uma matéria”.
“O que disse na Assembleia da República – e posso continuar a repetir – é que a doutora Carla Alves não foi objeto de nenhuma acusação judicial. Foi questionada através do meu gabinete relativamente às suas contas [bancárias] e aquilo que disse é que era titular de uma conta conjunta e tinha declarado tudo o que tinha a declarar às finanças. Ela própria entendeu apresentar a sua demissão. É um caso que está encerrado”, sustentou.
Carla Alves apresentou na quinta-feira a sua demissão por entender não dispor de “condições políticas e pessoais” para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.
O Correio da Manhã noticiou no mesmo dia o arresto de contas conjuntas que a secretária de Estado da Agricultura demissionária tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira, informação divulgada menos de 24 horas depois da tomada de posse da governante.
O Ministério Público acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do advogado e antigo autarca socialista, que saiu da liderança do município em 2017, num processo de mais de 4,7 milhões de euros que tem mais três arguidos.
Em causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste concelho do distrito de Bragança.
De acordo com a investigação, foram detetadas nas contas do casal ao longo de vários anos divergências entre os valores depositados e declarados.