Artigo de Vânia Mesquita Machado
Pediatra e escritora. Autora dos livros “Microcosmos Humanos” e “Humana Seja a Nossa Dor”.
Mãe de 3. De Braga.
Aproveito que João Marques tão pertinentemente ontem partilhou na sua página Minuto Saúde ( nobre serviço voluntário com informação sobre temas de diversas áreas da saúde, para os tornar acessíveis à população) a minha contribuição prestada em 2015 para o seu programa, para lançar uma corrente alternativa contracorrente anti vacinal.
este vídeo foi especificamente sobre este tema, infelizmente em voga por estes dias, a importância do Plano Nacional de Vacinação.
(uma correção a esse vídeo, o BCG já não se administra)
Nele falei sobre a necessidade de vacinar e de não aderir à tentação da moda sem pés nem cabeça de não vacinar.
Referi-me aos riscos de não vacinar as crianças, por exemplo para doenças mortais como o tétano e para os bebés mais pequenos, cuja artilharia de defesa (glóbulos brancos, anticorpos, etc), ainda é muito imatura, e por isso são mais vulneráveis a efeitos graves de doenças como a tosse convulsa.
As vacinas do tétano e da difteria AINDA SÃO OBRIGATÓRIAS .
(Agradeço à Francisca Trigo, a interna de Pediatria que me relembrou).
Assim é algo estranho não existirem penalizações para os que infringem a lei.
Se eu estacionar num local proibido, sou sancionada.
Falei do SARAMPO, e de como as taxas cobertura vacinal eram maiores em continente africano comparativamente aos EUA, consequência de ser “fashion” não vacinar, pois o nosso corpo deve “aprender naturalmente a ganhar defesas”.
Deu no que deu, e os vírus são infelizmente mais inteligentes que muitos humanos, como se observa no surto de maior escala em Itália: sabem como enganar o sistema imunitário.
Sim, porque este assunto é da ordem do dia entre os médicos.
Estamos UNANIMEMENTE PREOCUPADOS com a aparente vitória da informação que capta audiências em detrimento do serviço público que os diferentes canais televisivos deveriam prestar numa altura em que um ainda surto ( e se tudo correr bem será auto-limitado) de uma doença prevenida pelo PNV está entre nós.
Afirmações do género “vida saudável e alimentação adequada” são alternativas à vacinação NÃO PODEM CIRCULAR livremente em serviços noticiosos.
A isto chama-se desinformação.
Há riscos para a SAÚDE PÚBLICA em jogo, que podem derivar do excessivo tempo de antena concedido a quem não vacina os seus filhos.
Todas as crianças, repito até à exaustão, são “nossos filhos emprestados”, e tanto o são as que estão longe da vista, vítimas da guerra civil, como as que estão desprotegidas de doenças que matam ou podem causar sequelas graves permanentes.
Se não podemos ter tempo de antena na televisão, usemos a redes sociais.
Quem se interessar pela saúde de todos, partilhe!
Haja bom senso!
Vânia Mesquita Machado