O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira apelou à implementação de “medidas de segurança” durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas “sem barreiras” entre Galiza e Alto Minho, como sucedeu na pandemia de covid-19.
Citado num comunicado da autarquia, o socialista Rui Teixeira rejeitou a “reposição de controlo” na fronteira entre as duas regiões vizinhas, e adiantou que vai estar “atento” à reunião, na sexta-feira, entre o ministro da Administração Interna de Portugal e o homólogo espanhol.
Segundo o autarca, nessa reunião “será abordada a reposição do controlo de fronteiras terrestres durante a JMJ, que vai decorrer entre e 01 e 06 de agosto”.
Rui Teixeira espera que os governos dos dois países “não avancem com essa medida que contraria a dinâmica dos territórios transfronteiriços, considerados de baixa densidade, e que já foram severamente prejudicados durante o período da pandemia covid-19”.
“Queremos segurança sem barreiras. Se continuadamente andamos a lutar, a nível europeu, pelo rompimento das fronteiras físicas entre países, não faz sentido implementar medidas que indicam um retrocesso da livre circulação de pessoas, além de causar transtornos ao turismo e economia local”, avisou Rui Teixeira, que é também vice-diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho
Para Rui Teixeira, “esse cenário de controlo de fronteiras traz más memórias devido ao forte impacto na rotina diária dos cidadãos da raia minhota e já começa a gerar motivos de muita preocupação entre trabalhadores transfronteiriços e empresários”.
“Falo do caso concreto da eurocidade Cerveira-Tomiño, na Galiza, em que ambas as populações fazem o seu dia a dia, normalmente, num território comum, a nível profissional ou de convívio/lazer. A ponte da Amizade é encarada como uma travessia como outra qualquer, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, entre Lisboa e a Margem Sul”, reforçou Rui Teixeira.
O autarca lembrou que “a possibilidade de reposição do controlo fronteiriço em Portugal foi uma das primeiras preocupações levantadas, em março, pelas novas provedoras transfronteiriças da eurocidade Cerveira-Tomiño.
Na tomada de posse, Ana Fernández Ordóñez e Maria Manuela Ferreira chegaram mesmo a solicitar esclarecimentos ao Ministério da Administração Interna, “de forma a obter informação fiável e clara sobre este tema, nomeadamente quais as medidas que vão ser adotadas e como pretendem evitar os prejuízos para a cidadania transfronteiriça”.
“Sem qualquer resposta por parte do Governo de Portugal ao pedido endereçado, as provedoras transfronteiriças frisaram a necessidade de evitar o cenário de alarme social vivido em 2017, aquando da vinda do Papa Francisco para o Centenário das Aparições de Fátima”, acrescenta o comunicado.
A JMJ, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.