A construção do Parque de Estacionamento de Camões, no centro de Guimarães, arranca segunda-feira, anunciou hoje a autarquia, mas moradores e comerciantes da zona contestam o projeto, alegando “questões ambientais e de ordenamento”e querem naquele local um jardim.
Oo representante da assembleia Popular da Caldeiroa, “criada espontaneamente” depois de tornado público aquele projeto, Max Fernandes, explicou que a infraestrutura vai “destruir património arqueológico industrial”, “solo permeável que é suporte à biodiversidade no centro histórico” e que será feito contra um parecer da Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS).
O presidente da Câmara Municipal de Guimarães já confirmou a existência do parecer, que não tornará “para já” público, alegando que há “uma contradição” no organismo.
“São várias as razões pelas quais nos opomos ao projeto, desde logo a falta de discussão pública, que decorreu em pleno período de férias (agosto de 2016) e questões muito mais relevantes como falta de estudos ambientais e não estar documentado que um parque ali vai resolver o problema de estacionamento do centro histórico”, enumerou Max Fernandes.
O parque, considerado “estratégico” pela autarquia, vai ficar num quarteirão habitacional correspondente às ruas de Camões, da Caldeiroa e da Liberdade, terá cobertura ajardinada acessível, zona envolvente arborizada, ventilação e desenfumagem natural, albergando cerca de 400 lugares de estacionamento e terá um custo de cerca de 5.5 milhões de euros.
O “problema e questão” é que moradores e comerciantes não acreditam que aquele parque vá resolver o problema de circulação no centro histórico: “Vai é contribuir para que a vida quotidiana dos residentes piore substancialmente e levanta questões ambientais e de ordenamento porque vai aumentar e dificultar a circulação na zona, até porque os acessos ao parque são através de ruas históricas estreitas”, explicou Max Fernandes.
Em contraponto, aquela assembleia tem outra proposta para a zona: “Propomos, em alternativa a um projeto tão pouco sustentável e ecológico, a criação de um jardim público que irá contribuir também para a melhoria da saúde pública, pois, um jardim com árvores e plantas purifica a atmosfera do atual centro de Guimarães”, explicou.
No entanto, Domingos Bragança, na reunião do executivo camarário de quinta-feira, reafirmou o “valor estratégico” do projeto, garantindo que aquele será uma realidade.
“Nós já sufragámos o parque de Camões na eleição de 2013 e novamente em 2017 e o centro precisa, é necessário o aparcamento para a pedonalização do centro histórico, é estratégico”, disse o autarca.
Quanto ao parecer negativo do ICOMOS, Domingos Bragança confirmou que existe e que o tornará público depois de reunir com a instituição, explicando a atitude com a existência de posições contrárias dentro do ICOMOS.
“Os vice-presidentes vieram em missão oficial do ICOMOS, nas reuniões que tiveram comigo deram o seu aval à construção do parque de Camões, depois a senhora presidente, que não reuniu comigo nunca, veio, sem mais, mandar um relatório em contradição com a missão oficial. Há uma contradição dentro do ICOMOS quando a presidente avalia negativamente e os senhores vices, que conhecem Guimarães como ninguém, dizem que está bem”, disse.