Construção de ETAR em Terras de Bouro contestada por três municípios

Os presidentes das câmaras de Amares, Vila Verde e Terras de Bouro manifestaram hoje “total discordância” com a construção de uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) na margem do rio Homem, no último daqueles concelhos.

Face à “gravidade” da situação, os três autarcas reuniram hoje expressamente para tratar do assunto e, no final, subscreveram uma declaração conjunta em que referem que a construção daquela ETAR em Souto, Terras de Bouro, constituiria “um atentado aos projetos de valorização ambiental das margens do rio Homem”.

Dizem ainda que o projeto, da responsabilidade da empresa Águas do Norte (AdN), irá “contrariar todo o plano de tratamento de águas residuais que está programado e em implementação para o território do Vale do Homem nos três municípios”.

Contactada pela Lusa, a AdN confirmou que irá avançar com a instalação da ETAR em Souto, Terras de Bouro, estando a respetiva empreitada já adjudicada e em fase de celebração do contrato.

“Esta nova unidade de tratamento de águas residuais irá permitir a desativação de duas ETAR existentes no município de Terras de Bouro, com um tratamento já obsoleto e que não garantem a qualidade do tratamento face ao aumento da população servida”, acrescenta a empresa.

Adianta que, com a construção da nova ETAR, fica garantido não só o tratamento adequado dos efluentes provenientes das freguesias de Moimenta, Balança, Chorense, Ribeira e Souto, “através de uma unidade de tratamento de águas residuais de nova geração, que é particularmente adequada a zonas sensíveis, como também o rigoroso cumprimento das normas ambientais”.

“O tipo de tratamento a instalar é um dos mais avançados que existe atualmente, sendo o respetivo tratamento efetuado com recurso a uma tecnologia de membranas, que se constituem como barreiras físicas à poluição orgânica. Em resultado do mesmo, é produzida água tratada com uma qualidade excecional, normalmente superior à qualidade da água existente nos próprios meios recetores, sendo os efeitos ambientais provocados por este tipo de tratamento de águas residuais praticamente insignificantes”, sublinha a AdN.

Os autarcas de Amares, Vila Verde e Terras de Bouro dizem que o que estava estipulado inicialmente passava por ligar diretamente os efluentes provenientes de várias freguesias de Terras de Bouro, Amares e Vila Verde à ETAR do Cávado-Homem, em Cabanelas, concelho de Vila Verde, inaugurada em junho de 2014.

“Esta construção permite solucionar o saneamento em alta, servindo os concelhos de Vila Verde, Amares e uma parte de Terras de Bouro”, defendem.

Sublinham que o investimento rondou os 8 milhões de euros e foi destinado a servir uma população de cerca de 50 mil habitantes dos três concelhos, à qual corresponde um caudal médio de cerca de 7.617 metros cúbicos por dia.

“A concretização deste investimento sempre foi sustentada na necessidade de eliminar pequenas ETAR que, implantadas ao longo deste território, se revelaram como potenciais focos de poluição, nomeadamente do rio Homem”, sustentam.

Dizem ainda que a sua “inquietação” é agravada pelo facto de a AdN avançar com o projeto de uma nova ETAR em Souto quando já foi construído um intercetor na ponte de Caldelas, com ligação à ETAR de Cabanelas, e numa altura em que falta apenas a ligação de Souto a Caldelas, numa extensão de cerca de seis quilómetros.

“Cabe à AdN cumprir o estipulado com os municípios, nomeadamente ao nível dos investimentos previstos e programados, incluindo com recurso a fundos públicos, para resolver problemas de saneamento e saúde pública nos vales do Cávado e Homem”, acrescentam.

A AdN confirma que a opção pela ETAR de Cabanelas “foi inicialmente admitida”, mas adiante que, com a elaboração de estudos posteriores, “ficou demonstrada a inviabilidade” dessa solução, “devido aos elevados custos de investimento que lhe estavam associados”.

Alude, designadamente, à necessidade de se executarem diversas elevatórias e de se instalar uma grande extensão de intercetores, com “elevada dificuldade” de execução devido à existência de terrenos de acidentada orografia.

 
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