A Câmara de Braga recebeu, nos últimos meses, vários pedidos de consulta oriundos de empresas do setor imobiliário, para análise do projeto e do caderno de encargos da venda, por um mínimo de 3,6 milhões de euros, do prédio da antiga fábrica Confiança, cuja hasta pública decorre esta sexta-feira, de manhã, no Gnration.
Além das empresas, recebeu correspondência eletrónica de vários membros da Plataforma de Cidadãos “Salvar a Confiança” manifestando interesse em consultar o caderno de encargos.
O presidente da Câmara, Ricardo Rio, repetiu a O MINHO o que já havia declarado, com ironia, à RUM- Rádio Universitária do Minho: “ Se os próprios opositores à venda manifestam a intenção de comprar, seguramente que os investidores também o farão”, firmou.
O autarca reafirma que o município está “em condições de concretizar uma opção legítima dos órgãos municipais, a de concretizar a venda e acelerar de uma vez por todas o processo de regeneração daquela zona”.
Residência universitária
O caderno de encargos – recorde-se – obriga a que ali seja construída uma residência universitária, que a Câmara estima possa ter cerca de 300 camas. O PIP- o projeto para o prédio – tem pareceres favoráveis da Direção Regional de Cultura do Norte e do Conselho Nacional de Cultura.
A venda foi contestada pela Plataforma que intentou, há dias, no Tribunal Administrativo, uma providência cautelar contra a alienação. Mas o Tribunal ainda não decidiu, até porque a Câmara tem prazo para responder, o qual anda não terminou.
A este propósito, Ricardo Rio lembrou, recentemente, que outras duas providências cautelares anteriormente interpostas para parar o processo de venda “ficaram pelo caminho, com o tribunal sempre a dar razão à Câmara”.
Pareceres que são obrigatórios já que se trata de um edifício em processo de classificação.
A fábrica Confiança foi inaugurada em 1921, tendo produzido perfumes e sabonetes até 2005. Em 2012, foi adquirida pela Câmara, então presidida pelo socialista Mesquita Machado.
Chegou a ser aberto um concurso de ideias para o edifício, mas entretanto em 2013 a Câmara mudou de mãos e em setembro de 2018 a nova maioria PSD/CDS-PP/PPM votou pela venda, alegando que, por falta de fundos disponíveis para a reabilitação, o edifício se apresenta em “estado de degradação visível e progressiva”.