Em “comunicado conjunto” enviado esta segunda-feira às redações, “as concelhias do Chega em Braga” pedem o afastamento do presidente da Distrital e deputado eleito, Filipe Melo. Em causa as notícias sobre as dívidas superiores a 80 mil euros que colocam o deputado na lista pública de execuções. Filipe Melo rejeita que a tomada de posição seja de todas as concelhias e garante que a iniciativa parte das que já estavam em rota de colisão com a Distrital.
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O “comunicado conjunto” chegou às redações por um e-mail da Concelhia de Esposende e, sem especificar quais as concelhias que o subscrevem, dá a entender que sejam todas: “As concelhias do Partido em Braga decidiram emitir um comunicado conjunto para esclarecer os militantes e simpatizantes”.
Contactado por O MINHO, o presidente da Distrital afirma que Braga tem 14 concelhias e que o comunicado representará, apenas, “as mesmas concelhias que já tinham vindo a fazer comunicados anteriormente e que têm uma posição antagónica à distrital”.
Recorde-se que as concelhias de Esposende, Vila Verde e Barcelos já se mostraram abertamente contra o líder da Distrital.
Filipe Melo acrescenta que já houve presidentes de Concelhias, após o comunicado ser tornado público, a ligar-lhe, demarcando-se do documento. Por isso, entendendo que o comunicado “carece de veracidade e de muita informação”, recusa alongar-se em comentários.
“Total afastamento”
“No seguimento da última publicação da revista Visão, sobre o presidente da Distrital de Braga e deputado eleito pelo ciclo eleitoral de Braga, as concelhias do distrito vão marcar uma posição de total afastamento da pessoa em questão, pois não se reveem em absoluto em Filipe Melo e não encontram justificação para os seus comportamentos”, refere o comunicado.
O documenta acrescenta que “a vice-presidente Eugénia Santos [e ex-candidata à Câmara de Braga], o secretário José Osório e o tesoureiro Filipe Araújo estão solidários com as concelhias”.
Questionado sobre a posição destes três dirigentes, Filipe Melo respondeu: “Não faço a mínima ideia, formalmente até mim não chegou rigorosamente nada do que refere o comunicado”.
O comunicado prossegue, afirmando que, “sendo o Chega um Partido antissistema tem como uma das suas bandeiras o combate aos bandidos e corruptos, (…) não concordarmos com a entrada de Filipe Melo no grupo parlamentar do partido, pois este não representa de todo os princípios e valores pelos quais aderimos a este partido”.
“Esta tomada de posição é motivada por um sentimento de engano, perda de confiança e total desilusão”, acrescenta o comunicado, critiando, ainda, que “as concelhias em conjunto com Filipe Melo elaboraram uma estratégia para as legislativas de 2022. Estratégia essa que o próprio desvalorizou, não ouvindo nenhuma concelhia, nem mesmo, os membros da distrital para a elaboração da lista e campanha legislativa pelo distrito”.
O documento pede ainda ao presidente do partido, André Ventura, que tome uma decisão “que vá de encontro aquilo que defende desde o dia 9 de abril de 2019 [data de fundação do partido]”. “Esperemos que o Presidente André Ventura, utilize a capacidade que lhe foi conferida no Congresso em Viseu”, salienta.
“Se não quisesse pagar, tinha pedido insolvência”
A revista Visão revelou que Filipe Melo tem dívidas superiores a 80 mil euros, cuja cobrança “esbarrou” na inexistência de património. Entre os débitos por liquidar estão a aquisição de uma imóvel, leasing automóvel e consultas no Hospital Privado de Braga.
Àquela revista, Filipe Melo assumiu ter dívidas de cerca de 120 mil euros “em vias de resolução” e assume a vontade de pagar. “Se não quisesse pagar, tinha pedido a insolvência pessoal”, defende.
O deputado eleito atribui os sobressaltos financeiros a despesas de saúde do filho, com oito anos, que tem necessidades especiais. “Já gastei mais de 400 mil euros em consultas e tratamentos ao longo da curta vida dele”, justifica em declarações à Visão.
