A primeira tentativa do General Soult, comandante das tropas francesas durante a segunda invasão, para assaltar Portugal foi, em 1809, entre as margens do rio Minho, de Camposancos, na Galiza, para o pinhal do Camarido, em Caminha. A invasão falhou devido à organização da resistência miliciana apoiada por dissidentes galegos e obrigou o general a entrar em Portugal através de Chaves.
Na Mata Nacional do Camarido a única memória do acontecimento histórico é uma capela, algures no meio do pinhal, construída posteriormente à batalha. Na sua fachada, numa mármore embutida, pode ler-se: “Esta capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, edificada para comemorar a vitória portuguesa contra o exército francês da 2.ª invasão em 16/2/1809, arruinou-se nos fins do século XIX e foi reconstruída integralmente por iniciativa de Manuel Rodrigues Pires, com a colaboração do Dr. Manuel Busquets de Aguílar e auxílio dos habitantes de Cristelo”. A reconstrução foi inaugurada a 28 de setembro de 1941.
A capela foi levantada em homenagem ao fatídico dia para os exércitos de Soult, que embarcou cerca de trezentos soldados, em vinte ou trinta barcos de pesca, para desembarcarem na Mata Nacional do Camarido, em Caminha. As forças populares portuguesas, ajudadas por alguns galegos dissidentes, abriram fogo e só três embarcações chegaram ao seu destino com trinta e poucos homens que foram imediatamente aprisionados.
Segundo José Felgueiras, jornalista da vila, “à maior parte dos franceses foi dada sepultura no adro da Igreja Matriz e é lenda corrente nesta vila que alguns foram enterrados ainda com vida, exclamando no declínio da agonia e do pavor: ‘vino…vino…terre…non…'”.
Exposto e com baixas consideráveis, Soult decidiu não voltar a cruzar o Minho e deu ordem às suas unidades para marcharem em direção a Ourense e daí seguirem em direção a Chaves pelo vale do rio Tâmega. Aquartelou em Tuy, antes de partir, 2.000 homens, 900 enfermos e 36 peças de artilharia.
Restos de uma vitória
João Passos, residente de Moledo, enviou a O MINHO a fotografia, do que julga ser uma bala de canhão, abandonada, pelo tempo, como um resto, na sequência da batalha. Há vinte anos encontrou-a enquanto passeava no Camarido. Conhecedor da história, João guardou-a no seu escritório, até hoje.