O Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial do Rio Minho (AECT Rio Minho) encomendou a Xavier Cobas, professor titular de economia financeira na Universidade de Vigo, o estudo “Impacto Socioeconómico da Pandemia da covid-19 no Território Transfronteiriço do Rio Minho”. O MINHO resumiu o estudo, com gráficos e tabelas referentes ao impacto económico no território transfronteiriço, bem como na mobilidade de pessoas e mercadorias.
O estudo serviu-se de múltiplas fontes, como o SEF, o Serviço Europeu de Emprego Transfronteiriço, a Confederação de Empresários da Galiza, os Institutos de Estatística de Espanha, Portugal e Galiza, os Ministérios de ambos Estados e o Governo da Galiza, bem como os organismos gestores da Segurança Social de ambos os territórios, entre outras.
O caráter fronteiriço do território em epígrafe acusa um impacto maior da covid-19, motivado pela restrição adicional do encerramento da fronteira. Os Estados de Alarme e de Emergência provocaram nos territórios prejuízos mais alargados, comparativamente. Esses prejuízos ocorreram, principalmente, quando a fronteira foi restaurada e não havia confinamento, mas havia uma restrição à travessia da fronteira.
O impacto económico dos confinamentos foi maior nos municípios com maior atividade económica, no entanto o impacto do encerramento da fronteira foi maior nos territórios com mais comércio fronteiriço, hotelaria e restauração. Este “efeito de fronteira” afetou, sobretudo, os municípios do Minho com maior mobilidade e com mais residentes na outra margem do rio.
No conjunto, o encerramento da fronteira causou um impacto um pouco maior na margem portuguesa do Minho. O estudo contextualiza, que esse impacto é resultado do efeito metropolitano de Vigo, na zona do rio Minho. O encerramento da fronteira impediu a mobilidade para compras, lazer ou restauração da população da zona de Vigo, o que tem afetado a comercialização destes setores a sul do rio Minho.
A centralidade da atividade comercial em Tui e Valença fez com que estes municípios, assim como os “ribeirinhos” de ambas as margens do rio, fossem os mais afetados pelo restabelecimento de fronteiras.
Impacto da Covid-19 na mobilidade entre fronteiras
Entre 17 de março e 30 de junho de 2020, estima-se que, apenas pela ponte internacional de Tui-Valença, 355.408 pessoas cruzaram a fronteira. Os cálculos foram efetuados por estimativa, com base em dados de datas intermédias disponibilizadas pelo SEF.
Supondo um tempo médio de espera reduzido, de 15 minutos de ida e 15 minutos de volta, as horas de trabalho perdidas seriam 177.704. Essa é, também, a estimativa de tempo que os veículos estiveram a consumir combustível na ponte e nos acessos.
Segundo fontes oficiais, e dependendo de múltiplas definições e aproximações, considera-se que o valor mínimo de referência da mobilidade transfronteiriça são os 13.283 trabalhadores de nacionalidade espanhola ou portuguesa que trabalham na Eurorregião Galiza – Norte de Portugal fora do seu Estado de origem. Destes, especificamente, 6.028 são espanhóis a trabalhar no distrito de Viana do Castelo ou portugueses na província de Pontevedra. Os dados são referentes a 1 de Janeiro de 2019.
“Na prática, alguns destes trabalhadores podem não ser transfronteiriços, mas o número de trabalhadores transfronteiriços não incluídos nesta estatística é muito superior, pelo que estes números devem ser tomados como referências mínimas”, alerta o estudo para a margem de erro.
O tráfico médio diário das quatro pontes do Rio Minho é de 34.975 veículos, este valor representa 40% do total de tráfico diário, entre ambos os países. Não estão incluídos os 28.286 veículos que atravessam o Rio Minho através do ferry A Guarda – Caminha.
O número de trabalhadores afetados é explanado nas seguintes tabelas:
O valor total do PIB do “Val do Miño” é 1.112.954.968 milhões de euros e o valor do PIB do Vale do Minho é 906.905.805 milhões de euros. O Produto Interno Bruto das duas margens do Rio Minho ultrapassa os 2 mil milhões. Os valores são referentes ao ano de 2019 e as fontes de informação foram preferencialmente o INE de Portugal e o IGE da Galiza, obtendo-se os resultados mais próximos, por área geográfica e sectores de atividade, em estimativa.
“As duas margens do rio Minho cresceram as suas economias com o fim da fronteira”
Partindo dos valores estimados do PIB das duas regiões, em 2019, o estudo de impacto socioeconómico da ACTE Rio Minho calculou as quebras provocadas no ano de 2020 pela retoma de fronteiras e pelo confinamento imposto, como medida de combate à pandemia da covid-19. No total, o “Val do Miño” registou uma quebra no valor do PIB de 48.448.333 milhões de euros e a região do Vale do Minho uma quebra de 32.265.782 milhões de euros. O valor global da queda do PIB na economia “transfronteiriça” foi de 80.714.116 milhões de euros.