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Cometa verde faz hoje aproximação máxima à Terra

Astrofotógrafos reúnem-se na serra de Fafe para a passagem

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ZTF em Castanheira de Pêra. Foto: Marques Photographie

O cometa C/2022 E3 (ZTF) já deu a volta ao sol e atinge o ponto mais aproximado do planeta Terra na próxima madrugada, passando depois a ser visível também no hemisfério sul durante mais umas semanas, até desaparecer por entre a matéria escura do Espaço. Atualmente, a magnitude do brilho está em +5, ou seja, vê-se a olho nu (mas com muita dificuldade).

O ZTF, apelidado de cometa verde, foi descoberto em março de 2022 quando passava Jupiter e estima-se que a sua última passagem junto à Terra terá ocorrido há 50 mil anos, durante o final do período onde dominavam os neandertais (Homo neanderthalensis). Há mais de um mês que já visível nos céus enquanto completa a sua viagem de ida e volta, e desde que passou pelo sol, nas últimas duas a três semanas, tem estado mais visível.

Vai passar estes dois dias a cerca de 40 milhões de quilómetros, cerca de 110 vezes a distância entre a Terra e a Lua, com um núcleo de 10 quilómetros de diâmetro e uma cauda formada por restos de gelo e gases que provocam um efeito impressionante. A sua cabeça é verde, fruto de uma molécula feita de dois átomos de carbono unificados (dicarbono). Um pouco por todo o mundo, há registos fotográficos e em vídeo que mostram o grande astro verde nos céus que, a partir de hoje começa a ser visível com maior intensidade também no hemisfério sul.

 

No Minho, para ver este cometa durante a noite, é recomendada a procura de locais com pouca luminosidade artificial, como as serras do Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Serra d’Arga ou as montanhas de Fafe ou Celorico de Basto. Apesar de ser visível a olho nu, não vale a pena arriscar uma viagem a esses locais sem levar, pelo menos, uns binóculos. Uma máquina fotográfica com lente de boa amplitude também ajuda, assim como um telescópio, por mais rudimentar que seja. Deve olhar para Norte e tentar encontrar a cabeça verde com a cauda, que aos nossos olhos parecerá estática nos céus (mas movimenta-se).

Onde o cometa estará de acordo com a posição das estrelas. Fonte: Star Walk

Em Portugal também têm sido vários os registos fotográficos, sobretudo ao longo das últimas duas noites.

ZTF a partir de Alcácer do Sal. Foto: Duarte Faria

ZTF em Beja. Foto: Ivo Rodrigues

ZTF em Castanheira de Pêra. Foto: Marques Photography

Astrofotografado a partir de Várzea Cova

Conforme noticiou O MINHO no início do mês de janeiro, Miguel Ventura, astrofotógrafo, registou a ‘bola’ de gelo, poeiras e gases que ‘rasga’ o Sistema Solar a uma velocidade de 39,8 quilómetros por segundo.

C/2022 E3 fotografado por Miguel Ventura a partir de Fafe. Foto: Miguel Ventura

A propósito da passagem do cometa, Miguel Ventura e o projeto de astronomia e astrofotografia Counting Stars organizam, em Fafe, nas noites de 03 e 04 de fevereiro, uma observação astronómica em busca do cometa, mas também da lua com direito a um “passeio pelo céu de inverno” aquecido “por um chá quente”. O evento decorre na Quinta Biológica do Confurco, junto das torres eólicas em Moreira de Rei, na serra de Fafe. A inscrição tem um custo que pode consultar aqui.

O que viram os nossos antepassados

Como é óbvio, não sabemos, até porque só 30 mil anos depois, em Foz Coa, é que foram escritas as primeiras gravuras nas paredes das cavernas de que há registo em todo o mundo. Embora o hominídeo  se aproximasse do senso de comunidade com a massificação do humano mais parecido com aquele que hoje conhecemos, há 50 mil anos Portugal era habitado, sobretudo, pelos últimos neandertais, que algumas teorias defendem terem escolhido o nosso país para se refugiar do humano, embora hoje se saiba ter sido normal o acasalamento e cruzamento entre as duas espécies do género Homo, o que poderá ter contribuído para a extinção da primeira.

Naquela altura, ainda vivíamos nas cavernas, embora em locais com temperaturas mais cálidas, como seria o sul de Portugal, houvesse já registo da construção de cabanas ao ar livre. Foi também, nesse período, em que se realizaram os primeiros rituais religiosos e fúnebres, bem como o início do culto ao urso, algo que perdurou durante dezenas de milhares de anos. Possivelmente, e caso o cometa estivesse a uma distância menor da que agora observamos, o astro terá sito notado pelos nossos antepassados, e a cor verde, diferente dos demais, certamente terá contribuído para isso.

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