A passagem do cometa Leonard (EC/2021A1), durante este mês de dezembro, não passou despercebida aos astrofotógrafos portugueses, com Miguel Ventura a capturar o momento a partir da capela da Senhora do Viso, em Celorico de Basto, a 850 metros de altura.
O astro ‘esverdeado’, que se torna visível da Terra enquanto se vai aproximando do Sol, está a percorrer o sistema solar numa órbita longa e achatada há mais de 80 mil anos, e deverá prosseguir viagem de igual período até regressar. Ou seja, aproveite estes dias, ou não o poderá ver novamente.
A registo de Miguel Ventura aconteceu no início do mês, na madrugada do dia 03 de dezembro, quando a órbita do Leonard alinhava com a cluster de estrelas M3. Miguel enquadrou o céu com a torre sineira da capela do Viso e conseguiu um registo ímpar, onde se identifica o cometa e um pedaço de arquitetura minhota.
Astrofotógrafo desde 2014, Miguel Ventura é também assistente comercial numa loja de telecomunicações. Nascido em Coimbra, vive em Guimarães desde 2011, onde trabalha. Tem colaborado com a Sociedade Martins Sarmento através da elaboração de workshops de astrofotografia desde 2018. E planeia criar um workshop perto do Sameiro, em Braga, no próximo ano. É também o astrofotógrafo oficial do Parque da Serra da Estrela e, em breve, deverá iniciar um projeto na Porta do Mezio, uma das entradas para o Parque Nacional da Peneda-Gerês, em Cabana Maior, Arcos de Valdevez.
O primeiro contacto de Miguel Ventura com a astronomia foi, precisamente, por causa de um cometa, em 1997. O Halle-Bop atingiu o ponto mais brilhante em abril, depois de vários meses em órbita visível a olho nu a partir da Terra. Como Miguel, muitos outros astrónomos começaram o interesse pelo Espaço depois de verem a passagem de um cometa.
“A passagem de cometas é um dos fenómenos que ficam mais marcados na nossa memória, quando comparado com, por exemplo, chuvas de estrelas, que existem todos os anos. Marca pela raridade e pela dimensão”, salienta.
O astrofotógrafo deixa ainda um desafio a quem possa interessar: “Costumo dizer a brincar que as pessoas deviam uma noite assistir a uma chuva de meteoros ou verem um céu estrelado. Este ano, na Serra da Estrela, durante as Perseidas, uma das maiores chuvas de meteoros do ano, não tínhamos lua a atrapalhar, e na noite do pico facilmente vimos 60 meteoros por hora. É magnífico e acho que toda a gente deveria ter uma experiência deste género”, concluiu.
Até final de dezembro, o cometa Leonard poderá ser visível uma hora antes do nascer do sol, um pouco por debaixo de Vénus (o astro mais brilhante que vemos de manhã, nesta altura do ano, também conhecido como Estrela d’Alva).
Com uma trajetória hiperbólica, o cometa foi descoberto por Gregory J. Leonard do Observatório do Monte Lemmon, em 3 de janeiro deste ano.
『Goodbye Earth』
薄明の光に掻き消されていく彗星の儚い姿。
さよならレナード彗星。 pic.twitter.com/531m59XlhU— HARLOCK|harlock999.eth (@susanoo_harlock) December 11, 2021
A 12 de dezembro, encontrava-se no ponto mais próximo da Terra – 34,9 milhões de quilómetros – seguindo a uma velocidade de aproximadamente 70 quilómetros por segundo. Devido à distância, o cometa parece estar parado quando olhamos para ele, ou seja, não o conseguimos ver movimentar-se, embora o faça a uma velocidade astronómica.