Após dois meses de confinamento, o pequeno comércio reabriu as portas ao postigo, esta segunda-feira. Em Braga, impulsionado pelo bom tempo, o centro histórico recuperou a azáfama de outros dias.
Cabeleireiros, gelatarias, escolas, creches, lojas de roupa, cafés (a vender café) reabriram as portas, ainda que condicionados. Por todo o centro histórico, grandes banhos de sol e filas à porta do pequeno comércio: ora para comprar roupa, ora para cortar o cabelo, ora para desfrutar da cidade.
Filipa, 26 anos, serve gelados na Boutique dos Gelados. O encerramento forçado, de dois meses, somou-se a mais dois meses de época baixa, novembro e dezembro.
A reabertura do negócio traduz-se, no rosto de Filipa, num sorriso de genuína felicidade: “É bom podermos trabalhar, apesar de muitos estabelecimentos continuarem fechados, mas as pessoas estão na rua, para aproveitar o sol e nós reabrimos em força. Assim que pudermos reabrir a esplanada ficamos a trabalhar em pleno. Por agora, aguentamo-nos com a vitrine”.
João Silva, dono da Casa Silva, uma das lojas de comércio centenárias no centro histórico, afirma a O MINHO: “As pessoas estão a procurar o comércio de rua, para evitar grandes superfícies. Há uma ansiedade generalizada pela população, para sair de casa, com o aligeirar das medidas de combate à covid-19”.
A reabertura do comércio ao postigo, após dois meses de encerramento, é bem-vinda pelas diversas entidades comerciais no centro histórico, que, segundo João Silva, “precisam de trabalhar, para recuperar o tempo perdido”.
O plano de desconfinamento “a conta-gotas” começou com a abertura esta segunda-feira de creches, ensino pré-escolar e escolas do primeiro ciclo do básico, sendo reaberto ainda o comércio ao postigo e estabelecimentos de estética como cabeleireiros.
O plano prevê novas fases de reabertura em 05, 19 de abril e 03 de maio, mas as medidas podem ser revistas se Portugal ultrapassar os 120 novos casos de infeção pelo novo coronavírus por dia por 100 mil habitantes a 14 dias, ou, ainda, se o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 ultrapassar 1.
A deslocação entre concelhos para a generalidade da população continua interdita nos dois próximos fins de semana e na semana da Páscoa (26 de março a 05 de abril), e o dever de recolhimento domiciliário vigora até à Páscoa.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.649.334 mortos no mundo, resultantes de mais de 119,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.684 pessoas dos 814.257 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.