Avizinha-se um novo confinamento e os proprietários dos espaços comerciais do centro histórico de Braga já preveem um ano tão duro como o anterior. As previsões são pouco otimistas, o turismo desapareceu e há quem já só espere por 2022 para voltar a ganhar dinheiro.
Os lojistas da Rua do Souto, no centro histórico de Braga, estão alerta com o anúncio do Governo para um novo confinamento a partir da próxima quinta-feira, à meia-noite.
Olinda Silva, funcionária da Loja do Tesouro do Museu da Sé, desabafa a O MINHO: “Este mês foi praticamente zero em termos de faturação. Hoje nem abrimos o museu, não apareceu um único turista para visitar”. A loja é uma das principais casas de artesanato e recordações na Rua do Souto, principal artéria comercial do centro histórico.
“A Páscoa e a Semana Santa são fundamentais para aguentar durante o resto do ano. O ano passado não houve celebrações e para este ano também já não estamos a contar. As expectativas são más, mesmo muito más, e a partir desta quinta-feira devemos fechar, para um novo confinamento”, prevê a lojista, enquanto olha para a rua sem turistas e meio vazia.
Marisa Matos e André Silva abriram a “Palhusca”, uma mercearia urbana e gourmet na Rua do Souto, no início do ano passado, a 13 de março. Este será o terceiro confinamento a que o negócio resiste, mas a incerteza do dia-a-dia leva o casal a duvidar. “Se isto não melhorar, consigo aguentar-me mais 6 meses com capitais próprios, depois vou ter de pensar o que vou fazer. Andamos em círculos e os apoios do governo não chegam”, diz André Silva a O MINHO.
“Estamos a viver uma incerteza muito grande, que nem nos permite estabilizar clientela, nem estabilizar o negócio. Estimamos que este primeiro trimestre vá ser caótico, mas que a partir da primavera as coisas melhorem e que no verão já haja algum movimento na cidade, mas nunca como em anos anteriores”, acrescenta.
O “Sé La Vie”, no Rossio da Sé de Braga, passou dois meses fechado no ano passado. Os clientes ainda não recuperaram a confiança para frequentar o interior do estabelecimento e Filipe Palas, dono do bar, está a viver da esplanada.
“No ano passado, as quebras na faturação rondaram os 70%, este ano estamos à espera que melhore um pouco, mas nada comparado com o normal. Esperamos, com o novo confinamento que se aproxima, estar fechados, pelo menos, mais um mês”, afirma Filipe Palas.
As restrições nos horários de funcionamento dos bares são um dos principais impedimentos para um acréscimo no volume de faturação do estabelecimento e, quanto ao turismo, “talvez, se tudo correr bem, só lá para 2022”, acrescenta o proprietário.
“Associação Comercial de Braga acredita que este ano será de recuperação económica”
A ACB regista fortes quebras na faturação dos negócios associados aos setores do turismo, da restauração e da moda e acessórios. Em contraciclo estão os setores relacionados com a tecnologia, decoração de interiores e equipamentos para o lar, sentiram aumentos na faturação.
“São necessários apoios robustos e urgentes às empresas, nomeadamente ao comércio, à restauração e aos serviços de vendas ao público. Os apoios do governo têm sido lentos e insuficientes para empresas que vêm há 9 meses a sofrer quebras significativas na faturação”, afirma Rui Marques, diretor geral da ACB.
A ACB recomenda aos comerciantes que se informem devidamente sobre as medidas de apoio fomentadas pelo governo e que invistam na digitalização dos seus negócios: “Às vezes até podem ser atitudes simples, como ligar aos clientes ou dinamizar as redes sociais da empresa”.
A ACB “acredita que este ano será de recuperação económica” e que após o primeiro semestre a economia vai começar a dar sinais de melhoria.