Os eleitos da Coligação Juntos por Braga (PSD/CDS) na Junta de Freguesia de Tadim, Braga, pediram, na quinta-feira, ao Ministério Público do Tribunal local que investigue o alegado desvio de 23 mil euros das contas de 2020 da autarquia, em proveito próprio, feito pelo tesoureiro – entretanto substituído.
Rolando Vilaça, membro da Assembleia de Freguesia, adiantou a O MINHO que o presidente da freguesia, Manuel Faria, do PS, disse que mostraria à Coligação o documento da queixa que diz ter feito à PJ/Braga, mas não o fez. “Como não cumpriu, demos-lhe três dias para o fazer. Como o prazo passou, fizemos queixa ao Ministério Público, à Inspeção-Geral da Administração Interna e à Inspeção de Finanças”, explicou.
A Coligação – acrescentou – quer responsabilizar diretamente Manuel Faria, não aceitando que este deite as culpas para o ex-tesoureiro, já que os cheques e as contas bancárias tinham de ter duas assinaturas”.
O MINHO tentou contactar, por três vezes, telefonicamente e por SMS, o autarca de Tadim, mas não o conseguiu.
Em agosto, e conforme então noticiámos, Manuel Faria afirmou que o caso fora já comunicado à Polícia Judiciária e aproveitou para desmentir que as contas tenham um total de 49 mil euros em falta, conforme havia sido avançado pela oposição PSD/CDS (Coligação Juntos por Braga), facto que considera ser apenas “aproveitamento político-partidário”.
O autarca manifestou, ainda, toda a disponibilidade para esclarecer os tadinenses, “mostrando a documentação do processo a todos os cidadãos que o desejem”.
Desvio de 23 mil euros
Na última Assembleia de Freguesia, convocada pela Coligação, o presidente da Junta disse que o tesoureiro terá procedido ao desvio da verba devido a “problemas empresariais”, salientando que se comprometeu a repor o dinheiro, mas sem se comprometer com uma data.
Questionado pelos quatro membros da oposição sobre as medidas tomadas, o autarca explicou que foi enviada queixa à PJ e ao Ministério Público, mas escusou-se a entregar uma cópia à oposição.
Na ocasião, Manuel Faria disse que o executivo da Junta iria mostrar os documentos aos cidadãos, nomeadamente o Relatório de Contas já corrigido com o lançamento do “desvio”, mas não os entregou à oposição,” algo que foi pedido e que é um direito inerente à votação e aprovação das contas”.
Detetado pela oposição
O caso rebentou na Assembleia de Freguesia de 15 de junho, na votação do Relatório de Gestão e Prestação de Contas. A Coligação detetou, por comparação com o mapa de caixa de 2019, a falta do dinheiro. Confrontado com o facto, o Presidente terá respondido – afirmam – que “não tinha sido detetada nenhuma falta de dinheiro”, mas não soube explicar o erro nas contas. Por isso, a votação ficou para 22 de Junho.
A 19 de junho foi enviado pelo autarca, um email à Coligação com as explicações do contabilista: “o problema devia-se a uma mudança de software e, por isso, não se tinha feito o lançamento dos 49.793 euros”.
A seguir, na reunião de aprovação das contas, a Junta entregou o mapa de fluxos de caixa com a inclusão do valor em falta. Aí, a Coligação perguntou onde estava o mapa de execução orçamental e, “para espanto de todos”, o Presidente disse que não era necessário. Por falta de dados, a oposição votou contra, exigindo a entrega dos documentos, e dos extratos bancários.
Demissão
Dias depois, – sublinha a oposição – “a Junta veio lamentar a demissão do tesoureiro, e anunciou nova Assembleia, para a sua substituição”.
A 12 de Julho, fez-se nova Assembleia. Antes de se iniciar, foi a oposição “chamada à parte e informada pelo Presidente da Junta, na presença do secretário e do presidente da Assembleia, que o anterior tesoureiro, teria desviado 23 mil euros tendo mostrado alguns documentos alusivos ao facto”.