A assembleia de credores da têxtil Coelima, em Guimarães, aprovou hoje por 89% a venda da empresa à têxtil de Famalicão Mabera pelo valor de 3,637 milhões de euros.
Numa assembleia de credores que ainda decorre no Tribunal de Guimarães, dos 500 credores daquela que foi uma das maiores têxteis do concelho abstiveram-se 9,7%, entre os quais a Segurança Social e 216 trabalhadores. Apenas 1,6% dos credores votaram contra aquela venda.
Os grandes credores, ou seja, a banca, nomeadamente a Caixa Geral de Depósitos, o Novo Banco e o BCP votaram a favor.
Os credores da Coelima voltaram hoje a reunir-se no Juízo de Comércio de Guimarães para escolher entre as três propostas para compra da têxtil, apresentadas pela Mabera e pelos consórcios Mundo Têxtil/Felpinter e RTL/José Fontão.
De acordo com as propostas reformuladas abertas na passada segunda-feira pelo administrador de insolvência, Pedro Pidwell, a oferta de valor mais elevado era a da Mabera, que se propõe então pagar perto de 3,637 milhões de euros pela Coelima.
Segue-se a do consórcio Mundo Têxtil/Felpinter (que oferece 2,615 milhões de euros) e a da RTL/José Fontão & Cia, no valor de 1,75 milhões de euros.
As três propostas que anteriormente tinham sido apresentadas por estas empresas ficaram sem efeito, já que a assembleia de credores realizada em 18 de junho deliberou que, até às 18:00 da passada segunda-feira, os três interessados na aquisição da insolvente – ou outros que, entretanto, surgissem – pudessem melhorar as respetivas ofertas.
Na assembleia de credores do passado dia 18, que durou mais de quatro horas, a venda da empresa de Guimarães, proposta pelo administrador de insolvência, foi aprovada por mais de 96% dos votos.
A análise e decisão final quanto às várias ofertas em cima da mesa – que se propõem, todas, dar continuidade à atividade da Coelima e manter os cerca de 250 postos de trabalho existentes – foi, contudo, adiada para hoje, com a assembleia de credores a ser retomada a partir das 10:00.
De acordo com o relatório do administrador de insolvência, a “venda antecipada do estabelecimento” é a opção que “permitirá salvaguardar os postos de trabalho e, consequentemente, o próprio estabelecimento, evitando deteriorações e depreciações resultantes do encerramento”.
Parte integrante do grupo MoreTextile – que, em 2011, resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital -, a Coelima apresentou-se à insolvência no passado dia 14 de abril, na sequência da quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas covid-19.
Fonte do gabinete do ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, garantiu, contudo, à agência Lusa que “não deu entrada qualquer operação da Coelima no grupo Banco Português de Fomento no âmbito das linhas covid-19”.
O anúncio da sentença de declaração de insolvência da Coelima, especializada no fabrico de têxteis-lar, foi publicado em 22 de abril, com a empresa a apresentar um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores no final de 2020.
Apesar de ter inicialmente manifestado a intenção de apresentar um plano de insolvência com vista à recuperação da empresa, a administração da têxtil de Guimarães acabaria por recuar e, em 26 de maio, avançou à Lusa não estarem “reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração”.
Notícia atualizada às 13h42 com mais informação.