Uma cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) foi filmada por populares quando nadava à superfície, junto à Praia fluvial da Barca, em Rio Caldo, no concelho de Terras de Bouro, no passado fim de semana.
Num vídeo enviado por um leitor de O MINHO, é possível ver o réptil a serpentear, a grande velocidade, à tona da água, talvez fugindo de alguma ameaça ou apenas para se refrescar.
Vídeo enviado por Luís Barbosa
Pedro Alves, biólogo da Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural e também fotógrafo de vida selvagem, explicou a O MINHO que se trata de uma cobra-rateira, e não de uma cobra de água, como eventualmente se pudesse assumir por, precisamente, se encontrar na água.
“Na água, ainda por cima com essa profundidade, seria de esperar que fosse uma cobra de água, mas na verdade é uma cobra-rateira que, por alguma razão, decidiu aventurar-se”, revelou Pedro Alves.
O biólogo explica que, apesar de terem veneno (muito fraco), não são minimamente perigosas para o ser humano, uma vez que muito dificilmente conseguem inocular o seu veneno nos humanos.
“Por isso não são minimamente perigosas para nós, apenas para as suas presas, que podem ser aves, micromamiferos, répteis, entre outros”, salienta.
Pedro Alves explica que esta espécie é “a cobra que pode atingir maior dimensão de todas as cobras que existem na Europa, podendo ultrapassar os 2 metros”.
“Não mergulham, como as cobras-de-água, mas podem nadar à superfície, mesmo grandes extensões, para se dispersarem ou então para fugirem de alguma ameaça, que me parece ter sido o caso”, esclareceu, a propósito do vídeo publicado.
Segundo o Instituto de Conservação de Natureza e das Florestas (ICNF), em Portugal, a cobra-rateira distribui-se amplamente em todo o território, sendo apenas escassa ou mesmo ausente nas zonas de menor altitude da faixa costeira de influência atlântica entre Leiria e o Porto.
Ainda de acordo com o ICNF, apesar de atropeladas ou mortas deliberadamente pelo homem, as suas populações podem considerar-se estáveis na maior parte do país, e parecem adaptar-se às alterações produzidas na paisagem pelo homem.