Com o arranque da terceira fase de desconfinamento, os cafés e restaurantes puderam voltar, esta segunda-feira, a receber clientes no seu interior. Em Braga, o dia foi vivido com menor fervor do que aquando da abertura das esplanadas no início do mês, mas ainda assim foi visível a satisfação dos clientes, que confessaram saudades, e dos comerciantes, que os receberam de braços abertos, ao fim de três meses de afastamento forçado pelo confinamento.
“Hoje as coisas estão calmas. O impacto está a ser menor do que no dia de reabertura das esplanadas. Provavelmente, por mais estabelecimentos estarem abertos, os clientes espalham-se, mas é sempre bom podermos estar a trabalhar quase em pleno”, afirma a O MINHO, o dono da Queijaria Central, Daniel Carvalho.
“Os clientes que estão habituados a utilizar a sala sentem-se satisfeitos, por poder voltar. Alguns, até falam em saudades”, acrescenta Daniel Carvalho, alegre por poder voltar a receber os clientes no seu estabelecimento. A lotação da casa foi reduzida, para menos da metade, de modo a que todos se sintam seguros.
Carolina Pinheiro é uma das três irmãs proprietárias da Brasileira, cafetaria histórica do centro da cidade, considera que “é bom” poder voltar “a abrir as salas”, porque “há dias em que é inviável utilizar a esplanada, quando está frio ou chuva”.
A Brasileira esteve fechada durante o período do plano de desconfinamento, que permitia a venda de café unicamente ao postigo. “Nós queremos receber bem, com um bom serviço e por isso a venda ao postigo não se coaduna com o serviço da Brasileira”, conta a proprietária.
“Durante a pandemia, um serviço de qualidade também se tornou um serviço com segurança. Nesse sentido instruímos o pessoal da equipa para ter uma preocupação constante, com a desinfeção e separação de mesas e cadeiras”, acrescenta a irmã mais nova, das três proprietárias da Brasileira.
“Há clientes que preferem entrar, sentar-se na sala, a beber o seu café, junto às janelas. Para esses clientes, que até agora eram obrigados a ficar na esplanada, hoje é um dia bom”, acrescenta Carolina.
A ausência de turismo continua a ser um queixume transversal, aos diversos negócios da área da restauração e cafetaria na cidade. Negócios, que apesar das dificuldades de um começo de ano adverso, teimam em ser positivos.
Desconfinamento
Na área da restauração, a partir de hoje será possível frequentar restaurantes, cafés e pastelarias no interior, mas com a limitação de grupos de quatro clientes, podendo manter-se o serviço de esplanada que já estava autorizado, que passa agora a ter um limite de seis pessoas.
No que se refere ao comércio, os centros comerciais e todas as lojas, independentemente da sua dimensão, podem também reabrir ao público, mas têm de cumprir a lotação fixada pela Direção-Geral da Saúde.
Estas reaberturas aplicam-se à generalidade do país, exceto em seis concelhos (Alandroal, Albufeira, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela), que se vão manter com as regras que vigoraram nos últimos 15 dias, e quatro (Moura, Odemira, Portimão e Rio Maior), que vão recuar para as restrições mais “apertadas” da primeira fase de desconfinamento.
Apesar deste novo passo no desconfinamento do país, a fronteira terrestre com Espanha permanece encerrada, só sendo permitida a passagem nos 18 pontos autorizados ao transporte internacional de mercadorias, trabalhadores transfronteiriços e de caráter sazonal devidamente documentados, veículos de emergência e socorro e serviço de urgência.
A partir de hoje está também autorizada prática das modalidades desportivas de médio risco, assim como a atividade física ao ar livre de até seis pessoas, e os casamentos e batizados voltam a ser permitidos no território continental, ainda que limitados a 25% da capacidade de ocupação dos espaços onde decorram.
Os eventos exteriores nos concelhos que avançaram para a próxima fase ficam sujeitos a uma diminuição de lotação de cinco pessoas por 100 metros quadrados, as lojas do cidadão reabrem com atendimento presencial por marcação na generalidade do país, mas mantêm-se o dever geral de recolhimento em Portugal, uma vez que o Governo considera necessária a contenção de circulação para o controlo da pandemia.
A decisão da generalidade do país avançar para esta nova fase do plano de desconfinamento – a terceira de quatro previstas até 03 de maio – foi anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, após o Conselho de Ministros de quinta-feira que analisou a evolução da pandemia nas últimas duas semanas.