O Tribunal de Braga condenou, esta quarta-feira, a cinco anos de prisão com pena suspensa uma mulher, de origem colombiana, mas já naturalizada portuguesa, que, em abril de 2018, nas Marinhas, Esposende, deu uma facada nas costas do marido, quando ele dormia. Foi condenada pelo crime de homicídio qualificado na forma tentada.
A arguida tem que pagar seis mil euros à vítima e é também obrigada a tratamento psicológico.
O tribunal deu como provado que a arguida quis matar o marido e que agiu com especial censurabilidade e perversidade, sendo “elevadíssimo” o grau de ilicitude.
Sublinhou ainda o facto de a arguida ter dado uma facada “com força, de cima para baixo”, nas costas do marido, numa altura em que este estava a dormir.
Contra a arguida pesou ainda a não ter confessado os factos e a ausência de arrependimento.
O tribunal decidiu suspender a pena tendo em conta a inexistência de antecedentes criminais, o divórcio entretanto registado do casal e a inserção social, familiar e profissional da arguida.
O tribunal teve ainda em conta que o casal vive atualmente em locais “completamente distintos”.
“É importante mentalizarem-se de que a vida em comum acabou. Tentem ser felizes cada um para o seu lado. Muitas felicidades”, rematou a juiz presidente.
Como O MINHO noticiou, nas alegações finais, a procuradora do Ministério Público tinha pedido ao Tribunal que fosse condenada por homicídio qualificado na forma tentada.
A magistrada rejeitou a tese de que teria havido um acidente, com a vítima a cair em cima da faca, e lembrou que a arguida Eliana Yurlev Henão, de 37 anos, nem sequer pediu socorro apesar de o marido, António Maria Ganas, estar a sangrar abundantemente.
Valorou os depoimentos da vítima e da filha deste, Maria, que, ao ouvir os gritos do pai, correu para o quarto e estancou a perda de sangue, salvando-lhe a vida. E chamou o INEM.
Já a advogada de defesa Raquel Rodrigues Ribeiro pediu a absolvição da sua constituinte, argumentando que “não teve intenção de espetar a faca”, e defendeu insistindo que se tratou de um acidente, ocorrido num contexto de seis anos de violência doméstica: “houve confrontos físicos que culminaram com a faca espetada, por acaso”, disse.
Anteriormente, a arguida, que agora vive em Valença, pedira a palavra para voltar a dizer que não quis matar o marido e manifestar-se “arrependida”. Solicitou “uma segunda oportunidade para poder cuidar dos filhos e do neto”.
“Não fui eu!”
Na primeira sessão do julgamento, e conforme o MINHO noticiou, a mulher declarou: “Não sei. Não fui eu que o esfaqueei, nem tentei matá-lo”. E, posteriormente, veio a acrescentar que se «enrolou» com o marido numa briga e que este caiu em cima da cama, tendo sido espetado pela faca que ali estaria.
Foi esta a versão dada ao Tribunal de Braga pela imigrante colombiana, Eliana Yurlev Henão, de 37 anos, já naturalizada portuguesa, a qual contou que, na noite do crime, em abril de 2018, discutiu com o marido, o português António Maria Ganas, após ter ido à cozinha beber água e comer uma maçã.
Diz ter pegado numa faca para cortar a fruta e ter ido dormir para o quarto em que estava com dois adolescentes, um filho seu e uma jovem de 16 anos, filha dele. Afirmou que não sabe o que sucedeu depois, nem mesmo o destino da faca, só se lembrando de ter acordado os filhos e chamar o 112. Atribuiu as discussões do casal a ciúmes do marido.
Marido desmente
Esta versão é desmentida pela vítima que disse ao MINHO que ela o esfaqueou nas costas, enquanto dormia, deixando-lhe uma parte da lâmina, com nove centímetros, no corpo, o que lhe perfurou um pulmão e chegou ao coração. E ainda tentou impedi-lo de respirar. “Mente. Quando foi detida disse à PJ de Braga e ao juiz que me tinha dado uma facada para me matar. Está no processo”, acrescentou.