A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Ave manifestou hoje o seu “desagrado” por a região norte não ser prioridade no plano preventivo de combate à covid-19, que prevê a realização de testes em lares de idosos.
Em comunicado, a CIM do Ave sublinha que a região norte é “a mais afetada do país” pela pandemia da covid-19 e consideram que a decisão de não começar a testar lares de idosos nos distritos que registam mais casos “é imprudente, incompreensível e pode ser, em última instância, irreversível”.
“Perante este cenário, a CIM do Ave e os oito municípios que a constituem – Cabeceiras de Basto, Fafe, Guimarães, Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão e Vizela – vêm por este meio demonstrar o seu desagrado com esta decisão do Governo, afirmando a sua total solidariedade para com as instituições da zona norte”, lê-se no comunicado.
A CIM lembra que, de acordo com o Relatório de Situação da Direção-Geral da Saúde hoje publicado, a Região Norte é a zona mais afetada do país, contabilizando um total de 4.452 casos, número superior a todas as outras regiões do país juntas, incluindo os arquipélagos dos Açores e Madeira.
Acrescenta que, ainda de acordo com o mesmo boletim, entre as dez cidades mais afetadas pela pandemia da covid-19, oito pertencem à zona norte.
Na segunda-feira, o Governo anunciou e colocou no terreno um plano preventivo de combate à covid-19, que prevê a realização de testes em lares de idosos.
“Com grande surpresa, Évora, Guarda, Algarve, Aveiro e Lisboa surgem como prioridades na distribuição geográfica dos testes à covid-19”, refere o comunicado da CIM do Ave.
Refere que, embora ainda não seja conhecido o número exato de infetados nos lares nem a localização geográfica, a Zona Norte “é a região mais afetada do país e não está contemplada nas prioridades da referida distribuição de testes”.
“Sabendo da escassez dos recursos disponíveis para o combate a esta pandemia, a CIM do Ave e os oito municípios que a constituem reconhecem o esforço e a dedicação do Governo de Portugal perante o panorama atual, mas apelam a uma resposta urgente e mais eficaz das autoridades de saúde nas zonas mais afetadas do país, combatendo o surto onde ele tem maior e mais dramática expressão”, conclui o comunicado.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 828 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 41 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 160 mortes e 7.443 casos de infeções confirmadas. Dos infetados, 627 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.