Uma equipa internacional liderada por investigadores do Centro de Investigação Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), da Universidade do Porto, identificou o vírus que está a infetar as lebres na Península Ibérica, foi hoje anunciado.
Em comunicado, o CIBIO-InBIO explica que a investigação, recentemente publicada na revista ‘Viruses’, identificou uma “nova linhagem” do vírus da mixomatose que pode ser “responsável” pelas mortes das lebres ibéricas.
O vírus da mixomatose é uma doença provocada pelo Mixoma (um vírus pertencente ao grupo dos poxvírus e cujo genoma é composto de ADN) e tem uma elevada taxa de mortalidade.
Os investigadores do CIBIO-InBIO e de duas instituições internacionais analisaram o “genoma completo” das amostras do vírus encontrado nas lebres com sintomas de mixomatose e concluíram tratar-se de “uma nova linhagem” com “alterações genéticas únicas” que poderão conferir ao vírus a capacidade de abalar a resistência das lebres à doença.
Segundo o centro de investigação, apesar de no seu “hospedeiro natural” (coelho americano), o vírus da mixomatose apenas “causar uma doença benigna”, no coelho-bravo o vírus é “mortal”, o que justifica as “enormes perdas” nesta população.
“Até há muito pouco tempo, pensava-se que a mixomatose estava restrita ao coelho-bravo”, refere o CIBIO-InBIO, acrescentando, contudo, que “a situação se alterou significativamente” desde o ano passado.
Citada no comunicado, Ana Águeda-Pinto, primeira autora do artigo, diz que “o novo vírus terá sofrido várias alterações genéticas, as quais terão permitido quebrar as barreiras que impediam que o vírus do mixoma afetasse as lebres”.
“Embora todas as evidências apontem para esse sentido, não podemos confirmar esta hipótese. Para isso será preciso investigar qual a relevância destas alterações genéticas na infeção do vírus nas lebres”, adianta Ana Águeda-Pinto.
O CIBIO-InBIO alerta ainda que, tendo em conta os resultados obtidos, as “populações ibéricas de lebre poderão estar perante uma nova estirpe do vírus mixoma”, e que esta nova estirpe poderá ter “consequências dramáticas” nas populações naturais de lebre ibérica.