O investigador da Universidade do Minho (UMinho) Rui Reis vai receber terça-feira, em Londres, o “Harvey Engineering Research Award” em reconhecimento pelo seu “notável percurso de investigação e impressionante recorde de publicações”, anunciou a academia minhota.
Em comunicado enviado à Lusa, a UMinho adianta que o galardão, atribuído pelo Institution of Engineering and Technology (IET) e que conta com 170 mil membros de 150 países, tem um valor pecuniário de 400 mil euros, que será “usado para criar modelos inovadores e funcionais de cancro em 3D, que possam ajudar a prever a eficácia de medicamentos, evitando o recurso a diversos testes em animais e alguns ensaios clínicos”.
Segundo salienta a instituição, aquele prémio “é um dos maiores prémios internacionais na área da engenharia”, atribuído de três em três anos, e que Rui Reis foi um dos selecionados pelo júri, uma vez que o regulamento não admite candidaturas, devido “às suas contribuições notáveis e às décadas de investigação de excelência na área da engenharia de tecidos 3D para novos terapias regenerativas e para o desenvolvimento de modelos de doença”.
No texto, a UMinho explica que o financiamento proporcionado pelo galardão “vai apoiar mais cinco anos de investigação, cujo objetivo é criar uma plataforma única de engenharia de tecidos que permita a criação de microambientes de cancro em 3D”.
Estes microambientes, explana, “podem ser usados como modelos funcionais de doença para testar medicamentos contra o cancro, que ainda estão a ser concebidos pela indústria farmacêutica, bem como experimentar terapias inovadoras”, ainda em fase de ensaios pela comunidade médica.
“Um dos maiores obstáculos que os cientistas ligados ao desenvolvimento e à avaliação de novos fármacos e terapias contra o cancro enfrentam é o facto de os modelos pré-clínicos serem incapazes de prever, de uma forma fiável, se um determinado fármaco vai atuar contra o cancro e, ao mesmo tempo, ter uma toxicidade aceitável no organismo humano”, explica o também diretor do Grupo 3B’s – Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos da UMinho.
O investigador considera ainda um “privilégio ser o primeiro cientista galardoado, cuja carreira foi toda feita num país – Portugal – onde a língua não é a inglesa”.
Já o presidente do comité de seleção para o “Harvey Engineering Research Award”, John O’Reilly, explica no texto que a escolha pelo cientista português é o “reconhecimento do seu notável percurso de investigação e impressionante recorde de publicações na área da engenharia de tecidos e medicina regenerativa”.
O responsável aponta ainda que “a investigação desenvolvida pelo premiado e pela sua equipa pode acelerar a avaliação de novos medicamentos e a aprovação de novos tratamentos para o cancro”.
Aquele galardão foi criado com o nome do engenheiro Arthur Frank Harvey, que doou uma quantia generosa ao IET para um fundo dedicado à promoção da investigação científica nos domínios da engenharia médica, engenharia de micro-ondas, engenharia laser e engenharia de radares.
No âmbito desta distinção, Rui L. Reis vai proferir a palestra “Eng The Cancer”, no próximo dia 20 de março, nas instalações do IET, em Savoy Place, Londres (Reino Unido).
Rui Reis conta já no currículo com outros prémios de relevo como o prémio de contribuições para a literatura científica da “Tissue Engineering and Regenerative Medicine International Society” (TERMIS) e do “UNESCO Life Sciences Award”.