Cerca de meia centena de ciclistas concentrou-se na noite de sábado, em vigília, na Praça da República, em Braga, em homenagem às vítimas por atropelamento nas ruas, mas também reclamando nova legislação nas cidades para que não morra mais ninguém.
“Precisamos de continuar a manifestarmo-nos antes que morra mais alguém”, declarou à agência Lusa Vera Diogo, da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta e da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta e uma das organizadoras das vigílias que decorreram também no Porto, Faro, Torres Vedras ou Lisboa.
Vera Diogo lamentou hoje a morte de Patrízia Paradiso, 37 anos, natural de Itália e emigrada em Portugal há 14 anos, no último sábado na sequência de uma colisão com a sua a bicicleta e que foi apenas mais uma das “imensas” vítimas mortais nas ruas portuguesas.
“Morrem mais pessoas nas nossas ruas do que nas nossas estradas. Isto tem de acabar. As cidades devem ser para abrandar e não para atravessar ou para ir o mais rápido possível do ponto A ao ponto B. As pessoas precisam de viver em segurança. Os peões, os utilizadores de bicicleta, as pessoas que andam de cadeiras de rodas, quem transporta crianças em carrinhos. Precisamos de nos sentir seguros e livres para tomar as nossas escolhas”.
Segundo Vera Diogo, os políticos têm de criar legislação e condições de infraestruturas que permitam que o carro deixe de ser a “solução mais viável para a maioria das pessoas.
Segundo Vera Diogo, a legislação relativa à velocidade máxima tem de passar para “30 quilómetros/hora dentro das cidades”, as estradas têm de ser desenhadas de forma que promovam o “abrandamento”, as cartas de condução devem ser revalidadas com “muito mais critério do que são atualmente”, e deve haver “campanhas educativas para quem conduz”.
Uma rede de transportes públicos mais alargada para que as pessoas deixem o carro em casa e preços mais baixos das casas para que se possa viver mais perto do local de trabalho são outras reformas defendidas por Vera Diogo.
“Estão a morrer demasiadas pessoas nas nossas ruas, de um modo estúpido, porque quem conduz automóveis, veículos motorizados poderá não ter cuidado e circular a demasiada velocidade. A própria velocidade permitida já é demasiada e as avenidas e retas convidam a andar acima da velocidade permitida”, denunciou, observando que “a cultura” instituída “desculpabiliza quem utiliza o automóvel e culpabiliza todos os outros”.
De acordo com dados compilados pelo presidente da Associação Braga Ciclável, Mário Meireles, a cada três dias há um atropelamento em Braga.