O presidente do Chega, André Ventura, considerou hoje que a situação está a ficar insustentável para o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, e a tornar-se um problema para o chefe do executivo, António Costa.
“Eu penso que a situação está a ficar insustentável para o secretário de Estado, ainda por cima com o peso que este secretário de Estado tem, que é, na prática, o substituto do primeiro-ministro”, afirmou André Ventura aos jornalistas, na Golegã (Santarém), onde se deslocou à Feira Nacional do Cavalo.
O jornal Observador noticiou que Miguel Alves foi acusado pelo Ministério Público do crime prevaricação no âmbito de uma certidão extraída da Operação Teia.
Além da acusação hoje divulgada pelo Observador, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro está a ser investigado pelo Ministério Público por um contrato-promessa que celebrou quando era presidente da Câmara de Caminha.
Para o líder do Chega, acresce “outro fator que é relevante, que é o facto de Miguel Alves insistir em não dar qualquer explicação”.
“Miguel Alves, desde que se soube destes processos, ele diz ‘bom, mas eu sou arguido, não sou acusado, nem sou condenado’. Agora foi acusado. Vai dizer que não foi condenado”, continuou, reiterando que o governante “continua sem dar qualquer explicação”.
André Ventura acrescentou que “a única entrevista que [Miguel Alves] deu sobre isso foi a dizer que estava a ser perseguido pela imprensa e, pior, que estava a ser perseguido pela Justiça por ser do Norte”, o que “é absurdo a todos os títulos”.
O presidente do Chega considerou ainda que Miguel Alves está a tornar-se “um problema para António Costa, porque neste momento o país começa a perguntar-se porque é que António Costa não demite o seu secretário de Estado”.
“Parece-me (…) que, com esta notícia de hoje, fica praticamente impossível, insustentável e politicamente infundado que Miguel Alves se mantenha em funções”, salientou, referindo que o PS, “a menos que haja aqui alguma coisa mais grave ou algum tipo de encobrimento, não tem aqui grande margem perante o tipo de crimes que estão em causa, que são crimes relacionados com a gestão do dinheiro público e crimes relacionados com a ação política”.
Para André Ventura, “agora a palavra é de António Costa”, pois Miguel Alves “acha que não tem de dar explicações”.
“Então é o primeiro-ministro que tem que tomar essa decisão. Era o que eu faria se fosse primeiro-ministro”, garantiu.
A Operação Teia, que tem no seu centro Joaquim Couto, histórico ex-autarca socialista de Santo Tirso, e a sua mulher Manuela Couto, levou à extração de uma certidão. E esta tem com o alvo da sua investigação, entre outros autarcas, Miguel Alves, segundo o Observador.
No caso ainda em investigação pelo Ministério Pública está a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço em Caminha uma obra que ainda não começou depois do contrato-promessa entre o promotor e a autarquia ter sido assinado em 2020.
O Público noticiou, na edição de 26 de outubro, que a autarquia de Caminha fez um “adiantamento duvidoso” de 300.000 euros para o projeto em questão, autorizado pelo agora secretário de Estado Ajunto do primeiro-ministro, quando liderava aquele município.
Em 31 de outubro, em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro afirmou manter a confiança política em Miguel Alves.