O líder parlamentar do Chega afirmou hoje que, se o Governo excluir o PS das negociações do próximo Orçamento do Estado e mostrar disponibilidade para acolher propostas do Chega, o partido está disponível para permitir a sua viabilização.
Em declarações aos jornalistas, no parlamento, Pedro Pinto disse que se o executivo disser que “não quer nada com o PS” e que quer chegar a um “acordo de viabilização do OE” com o Chega, o Governo “poderá contar” com o partido liderado por André Ventura.
O líder parlamentar do Chega falava aos jornalistas após uma reunião sobre o Orçamento do Estado para 2025 com os ministros de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, da Presidência, António Leitão Amaro, e dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.
“Neste cenário de ‘não queremos nada com o PS, não queremos acolher as propostas do PS, queremos falar com o Chega e fazer uma solução de Governo e uma solução para aprovar este Orçamento’, cá estaremos para falar”, acrescentou.
O deputado do Chega disse que “houve uma tentativa dos três membros do Governo [presentes na reunião] de dizer que não estão a negociar com o PS” e que é preciso o executivo vir clarificar sobre se estão ou não em negociações com os socialistas.
Pedro Pinto sublinhou que “houve declarações de figuras importantes” da AD – apontando o social-democrata Hugo Soares e o ministro da Defesa Nuno Melo – de que “que preferiam negociar com o PS” o próximo OE e, por isso, embora o Governo diga que “está a falar com todos”, não é essa a sensação do Chega.
Para Pedro Pinto, esta posição não contradiz o que tem sido dito pelo presidente do partido sobre o próximo OE, uma vez que, frisou, André Ventura “não fechou” totalmente a porta à aprovação do próximo orçamento e tem ressalvado que o voto contra do Chega é “irrevogável se o acordo [para viabilizar o OE] for com o PS”.
Esta terça-feira, em declarações aos jornalistas antes do arranque das jornadas parlamentares do partido, em Castelo Branco, o líder do Chega foi questionado se o voto contra a proposta orçamental é irrevogável e respondeu: “Com o entendimento entre o Governo e o PS? Eu diria que sim, é irrevogável”.
Pedro Pinto reiterou que “não há um recuo” por parte do partido em relação ao próximo ao OE e relembrou a importância de temas como a valorização das forças de segurança e combate à corrupção para uma eventual negociação com o Governo.
Nesta reunião, à semelhança do que aconteceu com os restantes encontros com as outras forças políticas, o Governo apresentou ao Chega os números do cenário macroeconómico com que está a ser preparado o próximo OE, disse o líder parlamentar do Chega.
Pedro Pinto disse ainda que o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, alertou para o impacto de uma eventual recessão nas economias americana e europeia nas previsões de crescimento feitas pelo executivo e sublinhou que esse é um cenário que preocupa o Chega.
Para o encontro de hoje, esclareceu o deputado, o partido não levou qualquer proposta para apresentar ao Governo, como havia sido feito no primeiro encontro de âmbito orçamental, uma vez que o partido “saiu das negociações” e vai reservar as suas medidas para o debate orçamental na Assembleia da República.
“Não nos furtamos ao debate, nunca o fizemos e os portugueses podem estar descansados que o Chega vai estar ali na primeira linha a apresentar as medidas do seu programa”, afirmou.
Pedro Pinto lamentou ainda a ausência do primeiro-ministro, Luís Montenegro, destas reuniões com os partidos, recordando que Montenegro “que disse que ia estar presente em todas as negociações”.
“Dá a sensação que este Governo finge que quer conversar, finge que quer falar com todos os partidos, mas depois, quando chega a hora, Luís Montenegro não está nas negociações”, criticou o deputado.