O presidente do Chega, André Ventura, alertou hoje que “este é o pior momento para uma crise política” e acusou o PCP de utilizar o Orçamento do Estado (OE) para 2022 para fazer “teatro” e “chantagem política”.
“Penso que é encenação e que vamos resolver isto”, afirmou, defendendo que o PCP e o Bloco de Esquerda (BE) devem ter “noção de que este é o pior momento para uma crise política”.
Segundo André Ventura, que falava à agência Lusa em Santo Aleixo da Restauração, no concelho de Moura (Beja), o país está “numa fase de retoma” e “numa fase” em que quer “voltar a apanhar o comboio da Europa”.
“Quer dizer, uma crise política nesta altura, com o país a governar em duodécimos durante alguns meses, é perder seis meses da nossa vida. Espero que isso não aconteça”, sustentou.
Ventura, que tomou hoje posse como deputado da Assembleia Municipal de Moura, órgão para o qual foi eleito nas autárquicas de 26 de setembro, ressalvou, contudo, que se o OE2022 não for aprovado “o Chega está preparado e estará preparado para as eleições também a nível nacional”.
Aludindo à edição de hoje do semanário Expresso, que titula “Ameaça de crise política: PCP preparado para deixar cair OE e Governo”, o líder do Chega opinou que, “apesar das notícias”, o partido comunista “está a fazer teatro político e alguma chantagem política para obter dividendos”.
“Reconheço que o PCP teve grandes derrotas eleitorais nestas autárquicas e isso pode ter mudado o funcionamento” deste partido em relação ao Governo do PS, disse.
Mas, “se houver uma crise política derivada à não aprovação do orçamento na próxima quinta-feira”, Ventura disse esperar que “o país perceba que a responsabilidade é da esquerda e não dos partidos de direita”.
“Foi a esquerda que governou ao longo destes últimos anos. Se agora não se entendem, não podem vir pedir à direita que sustente o orçamento e o governo numa altura destas”, notou.
Tal como já tinha feito na sexta-feira, após uma audiência sobre o OE2022 com o Presidente da República, o deputado único do Chega no parlamento insistiu que este “é um péssimo orçamento” e que é mesmo “o pior desde o início do Governo de António Costa”.
“Vamos ter uma dívida pública perto de 125% do PIB este ano, quer dizer, a derrocada está mesmo ao virar da esquina, nós só não sabemos quando é que vai ser, mas sabemos que vai ser, portanto, este é um péssimo orçamento”, repetiu.
Mas Ventura deixou um apelo “à responsabilidade de todos”, argumentando que “as pessoas estão um pouco fartas de crises políticas”.
“Querem governar a sua vida, não querem que o Governo esteja sempre em sobressalto”, pelo que o Chega espera “que Bloco, PCP e PS se entendam”, frisou.