Chama-se Fronteira e é o 1.º abutre monitorizado no Parque Nacional Peneda-Gerês

Biodiversidade

Chama-se “Fronteira”, tinha sido encontrado debilitado por um criador de gado no Gerês e foi agora libertado em Melgaço, anilhado com emissor GPS, passando a integrar a rede de monitorização de ameaças para a fauna silvestre do projeto Sentinelas, a cargo da Associação Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.

Este é o primeiro grifo (Gyps fulvus) a ser monitorizado dentro da área do Parque Nacional da Peneda Gerês, conforme avançou a O MINHO aquela associação dedicada à conservação da natureza.

Foto: CM Melgaço

“O Fronteira foi anilhado com anilha metálica e outra de PVC vermelha com o código HC, a branco, e equipado com emissor GPS por Luís Pascoal Silva e Vanessa Mata do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto”, explicam os responsáveis da Palombar.

Foto: António Candeias

Uma vez que se trata de um “indivíduo juvenil, com comportamento dispersivo, este grifo irá agora explorar o território e será monitorizado de forma continuada pela equipa da Palombar”. A monitorização será também essencial para avaliar o sucesso da recuperação e acompanhar a adaptação da ave ao meio natural, acrescenta a associação.

Foto: CM Melgaço

Apesar dos relatos que dão conta de um eventual regresso deste tipo de abutre ao parque nacional, atualmente, “não há registos oficiais da existência de grifos a nidificar no Parque Nacional ou da presença de colónias reprodutoras da espécie”.

Foto: Pedro Alves

Após quatro meses no Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Gerês, onde foi feita a sua reabilitação ao longo de quatro meses, o grifo Fronteira foi devolvido à natureza no passado dia 24, numa atividade organizada em conjunto pela Palombar e pelo ICNF) que decorreu junto a Castro Laboreiro, passando a integrar o projeto Sentinelas – Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre da Palombar, financiado pelo Fundo Ambiental e desenvolvido em parceria com a Universidade de Oviedo, em Espanha.

Foto: CM Melgaço

Recorde-se que o projeto visa “monitorizar espécies sentinelas de aves e mamíferos que são mais afetadas por diversas formas de perseguição ilegal, bem como por outro tipo de ameaças de origem antrópica, avaliar a vulnerabilidade das espécies de fauna silvestre ao uso ilegal de venenos, e analisar as perceções sociais e os níveis de tolerância de diferentes grupos de interesse relativamente às espécies de fauna silvestre”.

Foto: CM Melgaço

Este evento pretendeu também sensibilizar a comunidade escolar para a importância de conservar e proteger as aves necrófagas, tendo contado com a participação de 15 alunos do 6.º ano da Escola Básica e Secundária de Melgaço – Agrupamento de Escolas de Melgaço e dois docentes.

Foto: António Candeias

Na atividade de devolução do grifo à natureza estiveram presentes representantes de várias entidades, nomeadamente, por parte do ICNF, a equipa do Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Gerês, dirigentes, elementos do Corpo Nacional de Agentes Florestais, e Vigilantes da Natureza.

Participaram também na atividade o Município de Melgaço, nomeadamente a vereadora da Educação e Serviços Urbanos e Ambiente, Maria de Fátima Sousa Táboas, e técnicos do Gabinete Técnico Florestal e Proteção Civil de Melgaço, da Porta de Lamas de Mouro, do Núcleo Museológico de Castro Laboreiro, a Junta da União de Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro, e ainda operadores turísticos da região.

Foto: CM Melgaço

A atividade de devolução do grifo à natureza contou com o apoio do Município de Melgaço, da União das Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro e do Agrupamento de Escolas de Melgaço.

Grifo. Que espécie é esta?

De acordo com a Palombar, o grifo é uma das três espécies de abutre que existem e nidificam em Portugal e está classificada como “Quase Ameaçada” no território nacional. A utilização de iscos envenenados, a redução da disponibilidade de alimento, a diminuição da pecuária extensiva, a eletrocussão em linhas elétricas aéreas, a degradação dos habitats, e a instalação de parques eólicos são as principais ameaças para esta espécie.

Foto: CM Melgaço

Os abutres são essenciais para promover o equilíbrio e bom funcionamento dos ecossistemas. Estas aves têm a sua dieta baseada no consumo de animais mortos e eliminam, de forma rápida e eficaz, as carcaças que se encontram no campo, promovendo a sua limpeza e evitando a propagação de doenças. Adicionalmente, contribuem para a reciclagem de nutrientes e para o bom funcionamento da cadeia de alimentação na natureza.

Saiba mais sobre o grifo aqui.

 
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