A Comissão para a Igualdade da CGTP disse hoje estar indignada com o projeto-piloto que obriga grávidas a triagem telefónica antes de irem à urgência e considerou que coloca “em risco a saúde materno-infantil”.
Em comunicado, a Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da central sindical CGTP-IN diz que “junta a sua voz aos que se indignam e rejeitam” este projeto-piloto e defende que este “deve voltar para a gaveta de onde não deveria ter saído”.
Em comunicado, esta comissão da CGTP considera que, após os recentes encerramentos de maternidades e problemas de funcionamento das urgências de ginecologia/obstetrícia, dos blocos de partos e de pediatria – que representam “retrocessos graves nos direitos das grávidas e das crianças” -, este novo projeto-piloto “vem acrescentar constrangimentos e bloqueios aos problemas que já existiam” e até colocar “em risco a saúde materno-infantil”.
A Comissão para a Igualdade considera que esta medida justifica a “indignação generalizada” dos profissionais de saúde e a “veemente rejeição das mulheres, em especial das grávidas, que não precisam de acrescentar mais ansiedade à insegurança que já vivem”.
Para a comissão da CGTP, o problema de fundo é a falta de profissionais de saúde, a ausência de valorização profissional e o desinvestimento do Serviço Nacional de Saúde e é aí que o Governo deveria atuar.
Desde segunda-feira, as grávidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, incluindo o Hospital Distrital de Leiria, terão de ligar para a Linha SNS Grávida antes de recorrerem à urgência hospitalar de Obstetrícia e Ginecologia. Este projeto-piloto de pré-triagem telefónica será avaliado em três meses.
Este projeto motivou protestos de vários quadrantes políticos (com partidos a pedirem a audição urgente da ministra da Saúde no parlamento) e cívicos. O Movimento Democrático de Mulheres (MDM) criticou hoje a medida e apelou às mulheres e aos profissionais de saúde para resistirem “a mais este passo no atropelo dos direitos das grávidas”.
Em entrevista à TVI, a ministra defendeu que esta é uma solução que deveria ter sido aplicada há muitos anos no país e admitiu que possa ser generalizada a outras especialidades.
“Esta experiência que hoje [segunda-feira] começa na região de Lisboa e Vale do Tejo é um modelo que há muitos anos já devia ter começado a ser aplicado em Portugal”, afirmou Ana Paula Martins.
Segundo a governante, a solução que entrou em vigor nas urgências de obstetrícia de vários hospitais garante uma maior orientação para as grávidas que, em situações de doença aguda, têm um encaminhamento correto e permite que as equipas de urgência possam ficar reservadas para os casos urgentes ou muito urgentes.